Haddad avisa que Bolsonaro vai regularizar milícias como nas Filipinas

por Lusa

São Paulo, Brasil, 15 out (Lusa) - O candidato à Presidência do Brasil Fernando Haddad alertou hoje que Jair Bolsonaro, seu adversário na segunda volta das eleições, pode regularizar as milícias, como aconteceu no Governo de Rodrigo Duterte, nas Filipinas.

"As milícias vão resolver [o problema] no Brasil? Vai aumentar a violência ter um projeto para regularizar as milícias no país. Você pode imaginar que o Brasil se torne um país de militantes como acontece hoje nas Filipinas, por exemplo? Há uma guerra lá", disse Haddad em entrevista à Rádio Metrópole de Bahia.

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) disse que nas Filipinas "o Estado saiu de cena" e "as pessoas estão se defendendo umas contra as outras", o que provocou uma "explosão de violência" naquele país.

"Esse é o modelo que meu adversário propõe para o Brasil e não vai funcionar", disse Haddad, sem mencionar explicitamente o candidato Jair Bolsonaro.

O sucessor do ex-Presidente Lula da Silva, preso por corrupção e proibido pela Justiça de participar das eleições após ser condenado em segunda instância, não acredita que "mais violência vai resolver a violência" no Brasil, um flagelo que em 2017 provocou quase 64 mil homicídios.

Haddad, que obteve 29% dos votos na primeira volta das eleições realizadas em 07 de outubro, contra os 46% de Bolsonaro, defende que a Polícia Federal assuma as investigações relacionadas com o crime organizado, porque esta prática criminosa "foi nacionalizada" no país.

Neste sentido, propôs um novo contingente dentro do corpo policial para ajudar os governos regionais na lutar contra as fações criminosas e reduzir as taxas de violência.

"A violência não nos levará a lugar nenhum, à falta de democracia, à intolerância com os negros, à mulher, aos católicos, não nos levarão a lugar algum", ressaltou em referência a Bolsonaro, que conta com uma longa história de declarações sexistas, racistas e homofóbicas e uma visão nostálgica da ditadura militar, que governou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

Por outro lado, Haddad disse que continua confiante de que as próximas duas semanas serão suficientes para superar a diferença notável que o separa de Bolsonaro, de acordo com as últimas sondagens.

Segundo uma pesquisa realizada na semana passada pelo Instituto Datafolha, Bolsonaro venceria a segunda volta das presidenciais com 58% dos votos válidos enquanto Haddad conta com apenas 42% dos votos.

"Vamos superar a violência, vamos superar a tortura, vamos superar a cultura das violações, vamos superar as milícias, tudo o que o meu adversário representa e é um retrocesso histórico para o país em termos de direitos sociais", disse Haddad.

O candidato considera estar numa "missão histórica" e de "maior importância" para "preservar o que o país construiu e corrigir o que foi feito errado" nos últimos anos.

"Vamos reunir todas as forças democráticas para superar o que na minha opinião seria a maior queda na história do país", acrescentou, em referência ao apoio que recebeu de quase todos os partidos no campo progressista na segunda volta das eleições brasileiras.

O Brasil escolherá um novo Presidente no dia 28 de outubro.

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