Hong Kong. Estudantes cercados tentam escapar pelos esgotos da Universidade Politécnica

por RTP
Jerome Favre/EPA

Barricados na Universidade Politécnica de Hong Kong e cercados pela polícia desde domingo, os estudantes em protesto contra o Governo começam a ficar cansados, feridos e sem mantimentos. Na noite desta terça-feira, alguns dos 100 estudantes ainda fechados nas instalações tentaram escapar pelos esgotos.

Cerca de uma centena de manifestantes continuam encurralados no campus da Universidade Politécnica e a resistir à pressão policial. As autoridades exigem a rendição dos estudantes e bloquearem qualquer rota de fuga.

Durante a noite de terça-feira, alguns estudantes tentaram fugir pelos canos dos esgotos, mas sem sucesso. Para além, da rápida subida de água, segundo a Sky News, os tubos eram estreitos, havia cobras e a saída principal do sistema de esgotos do campus universitário foi bloqueado pelas autoridades.

"O esgoto cheirava muito mal, tinha muitas baratas, muitas cobras. Cada passo foi muito, muito doloroso", disse à Reuters um estudante da Universidade de Hong Kong que se viu forçado a voltar para trás e abortar a fuga.

Os bombeiros, no entanto, dizem que seis pessoas acabaram por serem presas ao tentarem sair pelos esgotos.

Já na segunda-feira alguns dos manifestantes barricados nas instalações tentaram escapar ao cerco da polícia, tentando fazer rappel com mangueiras.

Segundo as autoridades, desde domingo que cerca de 800 pessoas já abandonaram o campus, sendo que 300 eram menores de idade. Mas ainda há cerca de uma centena fechados, sem comida, medicamentos, água e luz.

"Estamos com problemas. Continuamos a tentar encontrar uma forma de escapar, mas toda a vez que escolhemos um local, vemos imensos polícias nas proximidades. Mas se desistirmos, estamos acabados", afirmou à imprensa local um estudante em protesto.

Usando toalhas cor-de-rosa, azuis e amarelas, os estudantes escreveram “SOS” na praça central do campus.
Há quatro dias que se registam confrontos violentos na Universidade Politécnica e, a imprensa local considera que este é o protesto mais violento desde que começaram as manifestações, há cinco meses. As instalações da Universidade foram transformadas num campo de batalha e os manifestantes usam todo o tipo de armas improvisadas – tijolos, flechas e cocktails-molotov – para resistir à repressão policial.

A polícia, que está a cercar as instalações desde domingo, recorreu a balas de borracha, a granadas de gás lacrimogéneo e a canhões de água para conter a fuga dos manifestantes.
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