Ideólogo de Trump chama "palhaços" a nacionalistas brancos

por RTP
O conselheiro insiste na ideia de que a batalha comercial com a China é a prioridade, pelo que se impõe aplicar fortes sanções económicas contra o país Carlos Barria - Reuters

Em declarações à publicação The American Prospect, Steve Bannon, controverso conselheiro do Presidente norte-americano, figura conotada com a extrema-direita, desvaloriza o peso dos movimentos nacionalistas e supremacistas que marcharam em Charlottesville, na Virgínia. E mostra-se mais empenhado no que classifica como uma "guerra económica com a China".

Depois do recém-demitido diretor de comunicação da Casa Branca Anthony Scaramucci - caído em desgraça após comentários considerados vulgares à revista The New Yorker -, é agora a vez do estratega ideológico da Casa Branca, Steve Bannon, emitir opinião sobre diferentes temas. Todos eles polémicos.

Em declarações à publicação The American Prospect, Bannon fala sobre o endurecer da linha norte-americana para as relações comerciais com China e descreve os seus esforços para neutralizar rivais nos departamentos de Defesa, Estado e Tesouro.

"Eles estão a urinar-se", disse, ao explicar as suas estratégias para afastar os seus opositores.
"Vamos acabar com eles"

Bannon afirma mesmo que os Estados Unidos estão em "guerra económica com a China": "Um de nós será hegemónico em 25 ou 30 anos e, se continuarmos da maneira que estamos, serão eles e não nós".

Quanto ao contexto de tensão militar com a Coreia do Norte, o assessor acredita que a possibilidade de a China controlar o líder norte-coreano Kim Jong-un é uma falsa esperança. Por outro lado, não vê solução militar viável para este conflito.

"Até que alguém resolva a parte da equação que me mostre que dez milhões de pessoas em Seul não irão morrer nos primeiros 30 minutos de armas convencionais, eu não sei do que vocês estão a falar. Não há solução militar aqui, eles conseguiram".

O conselheiro insiste na ideia de que a batalha comercial com a China é a prioridade, pelo que se impõe aplicar fortes sanções económicas contra o país.

"A guerra económica com a China é tudo o que importa e devemos estar absolutamente focados nisso. Se continuarmos a perder esta disputa, nós estamos a no máximo dez anos de distância de chegarmos a um ponto em que não será mais possível nos recuperarmos".

"Nós vamos acabar com eles. Chegámos à conclusão de que estamos em guerra e eles estão a nos esmagar".

Sobre as suas tentativas de endurecer a linha para com os chineses, Bannon admite não é uma luta fácil e acusa outros conselheiros de Trump de criarem obstáculos.
"Uma coleção de palhaços"
Ainda no rescaldo da vaga de violência do último fim de semana em Charlottesville, com Trump a ser duramente criticado por não ter condenado de imediato os movimentos nacionalistas, supremacistas e neonazis que marcharam naquela cidade do Estado da Virgínia, Bannon foi questionado sobre uma possível conexão entre a ideia de nacionalismo económico e o nacionalismo branco.
O atropelamento de manifestantes que contestavam a marcha da extrema-direita em Charlottesville causou a morte da jovem Heather Heye.
Em resposta, o conselheiro disse que o último grupo é o equivalente a "uma coleção de palhaços" e que é preciso "destruí-los".

Na terça-feira, questionado sobre o futuro de Steve Bannon na Casa Branca, Donald Trump resumiu: "Veremos".

O American Prospect sublinha que as declarações de Bannon foram recolhidas por iniciativa do próprio.
pub