Em declarações citadas pela IRNA, o vice-diretor da Organização Marítima e dos Portos do Irão, Jalil Eslami, afirmou esta terça-feira que a libertação do petroleiro Grace 1 deverá estar "para breve".
O petroleiro Grace 1, ao serviço do Irão e com 2.1 milhões de barris de crude a bordo, foi apreendido pelas autoridades de Gibraltar no início de julho, porque estaria a violar um embargo de fornecimento de combustível à Síria, imposto pela União Europeia. A sua ordem de arresto expira no próximo sábado, 17 de agosto.
O Irão sempre considerou o arresto do navio ilegal, negando as acusações das autoridades de Gibraltar.
Em Teerão, Jalil Eslami afirmou aos repórteres estar confiante na resolução do impasse, graças à troca de uma série de documentação, oficial e não-oficial, cuja natureza não revelou.
"Dado as conversações da República Islâmica do Irão [com o Reino Unido], acreditamos que o petroleiro Grace 1 irá retomar as operações sob bandeira iraniana num futuro muito próximo", afirmou o responsável iraniano, sem avançar com uma data concreta.
De acordo com a agência noticiosa iraniana, Eslami acredita que "o navio foi apreendido sob falsas alegações... Ainda não foi libertado. Esperamos que o seja em breve".
Desmentido
A agência noticiosa semioficial Fars, referiu por seu lado que fontes sob anonimato da administração de Gibraltar admitiam que a libertação do petroleiro se iria dar já esta terça-feira à noite. Um cenário desmentido pouco depois por um alto responsável da administração do território britânico, igualmente não identificado.
Um porta-voz do governo local comentou apenas esta terça-feira que "continuamos a tentar resolver situações decorrentes da detenção legal do Grace 1".
O petroleiro foi apreendido por forças britânicas no estreito de Gibraltar a 4 de julho de 2019. Esta terça-feira, Londres distanciou-se da iniciativa, referindo que as investigações ao Grace 1 são um assunto para Gibraltar resolver.
"Como esta é uma investigação em curso, não podemos tecer comentários", reagiu um porta-voz do ministério britânico dos Negócios Estrangeiros.
O arresto do petroleiro deu-se em pleno agravamento das tensões entre Teerão e Washington, devido às acusações norte-americanas sobre o alegado incumprimento iraniano das regras impostas no acordo internacional de 2015 para o programa nuclear do regime dos Ayatolas.
Tensão mantém-se
Fabian Picardo, principal ministro de Gibraltar, um território no sul de Espanha governado pelo Reino Unido, negou sempre ter apreendido o Grace 1 sob pressão dos Estados Unidos, apesar do aplauso entusiástico do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Teerão negou por seu lado que o navio estivesse a violar qualquer código de conduta.
A 19 de julho e em retaliação, a Guarda Revolucionária Islâmica, a elite armada do Irão, desviou um petroleiro de bandeira britânica, o Stena Impero, quando este navegava sem carga em águas internacionais ao largo da costa iraniana.
A justificar a apreensão, as autoridades locais invocaram violações da lei marítima, mas foram acusadas de um ato equivalente a pirataria.
A reação iraniana atraiu a condenação de Londres e de vários países europeus, signatários do acordo de 2015, e que tentavam ainda fazer contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos, para ajudar a economia iraniana.
Teerão anunciou entretanto que, tal como Washington o fez em maio, abandonava o acordo.