Independentistas de Cabinda anunciam libertação de polícias angolanos reféns

por Lusa

Luanda, 30 mai (Lusa) - Os independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciaram hoje que vão libertar os quatro alegados agentes da Polícia Nacional angolana que dizem ter como reféns desde 15 de maio e que, garantem, foram "bem tratados".

A informação consta de um comunicado enviado hoje à agência Lusa, em Luanda, no qual os independentistas daquele enclave convidam a imprensa internacional a "assistir à libertação dos polícias angolanos presos em Cabinda", mas sem precisar quando ocorrerá o ato.

"Na sequência das mentiras e da desinformação mediáticas do tirânico Governo angolano, dos desmentidos vergonhosos tendo em vista manipular a opinião pública nacional e internacional para ocultar a guerra de ocupação que nos move em Cabinda, o comando militar das Forças Armadas Cabindesas [FAC)] convida toda a imprensa internacional para vir conhecer e confirmar a identidade dos quatro polícias angolanos e assistir à sua libertação", lê-se no comunicado.

Aqueles independentistas chegaram a divulgar, nos últimos dias, várias fotografias e vídeos dos alegados agentes da Polícia Nacional de Angola que garantem ter como reféns.

As imagens, sobre as quais não foi possível atestar a sua autenticidade, mostram quatro presumíveis agentes da polícia, por estarem fardados, escoltados por alegados membros das FAC, sob ameaça de arma de fogo.

A 17 de maio, dois dias após o anúncio do sequestro, o comando-geral da Polícia Nacional de Angola negou a veracidade do mesmo, considerando-o "uma manobra" para "chamar a atenção".

"Isso não é verdade e é mais uma manobra de diversão para chamar a atenção. Não há nada de concreto em relação a isso. Não temos nenhuma informação que nos leva a acreditar nisso, até porque em conversa com o comandante de Cabinda e outras entidades locais não se confirma", afirmou à Lusa o porta-voz do comando-geral da Polícia Nacional de Angola, Orlando Bernardo.

O oficial afirmou ainda que a situação em Cabinda está "completamente controlada" e que "nenhum comando reportou nada diferente no que diz respeito ao estado do efetivo local".

Os independentistas da FLEC-FAC anunciaram então que fizeram reféns quatro elementos da Polícia Nacional de Angola, na sequência de uma emboscada na povoação de Nhuca, região de Buco Zau, tendo pedido na altura a mediação do Comité Internacional da Cruz Vermelha para a sua libertação.

"Como a mentira é uma arma política do invasor angolano, nós queremos mostrar ao mundo que os quatro polícias angolanos foram presos, estão connosco e que foram bem tratados, segundo o artigo 44 da Convenção de Genebra. A FLEC-FAC respeita as regras internacionais, ao contrário do que fazem as forças angolanas (FAA) aos militares cabindas das FAC", referem os independentistas, no comunicado de hoje.

A organização independentista recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num "protetorado português", o que está na base da luta pela independência do território.

O enclave de Cabinda, no `onshore` e `offshore`, garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.

Desde 2016, quando retomou a luta armada, a FLEC-FAC já reivindicou dezenas de ataques mortais a militares das FAA, cuja autenticidade é negada pelo Governo, forças de segurança e forças armadas angolanas.

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