Insatisfeitos com lentidão. Vários países europeus desalinhados com estratégia da Comissão Europeia

por Alexandre Brito - RTP
A presidente da Comissão Europeia von der Leyen tem liderado o processo de vacinação na Europa, que tem sido alvo de muitas críticas Reuters

São cada vez mais as vozes dentro da União Europeia contra a estratégia da Comissão para a vacinação no bloco. Eslováquia e Hungria já estão a receber vacinas russas que ainda não foram aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos. E a República Checa diz que vai aprovar em breve a Sputnik V. Também a Áustria anunciou esta semana que vai trabalhar com Israel e Dinamarca para produzir segundas gerações de vacinas que permitam uma resposta eficaz às mutações do vírus.

Lento, burocrático, ineficaz. São várias as críticas à Comissão Europeia sobre o processo de vacinação na Europa.

Bruxelas optou por uma reposta centralizada à encomenda e distribuição de vacinas, mas o plano tem sofrido muito com a falta de entregas por parte das farmacêuticas.

Apenas 5,5 por cento da população de 447 milhões da União Europeia recebeu, até agora, a primeira dose da vacina. Longe de realidades noutras geografias, como Israel, Estados Unidos da América ou Grã-Bretanha.

Até agora, a Agência Europeia de Medicamentos aprovou três vacinas: da Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca e Moderna.

Se a maioria tem seguido a estratégia concertada que foi aplicada, a verdade é que já há paises desalinhados. O próprio Reino Unido, quando ainda estava no período de transição pós-Brexit, avançou de forma muito mais rápida na aprovação de vacinas.

Mas há mais casos. A Eslováquia aprovou na segunda-feira a vacina russa, Sputnik V, que ainda não recebeu luz verde Agência Europeia de Medicamentos.A "burocracia de Bruxelas não foi capaz de dar resposta rápida e imediata ao contratos (de compra de vacinas), pelo que estamos atrasados em pelo menos dois meses".

"A aprovação da Eslováquia foi baseada nos resultados dos testes da Sputnik V na Rússia e de uma análise aprofundada da vacina por peritos na Eslováquia", disse à Reuters um responsável do Fundo de Investimento Direto, que apoiou a produção da vacina.

Ainda de acordo com este fundo foram já vários os países europeus que pediram diretamente o fornecimento da vacina criada no país. "Vamos continuar a dar resposa tal como a trabalhar com a EMA para a aprovação da Sputnik V".

A Eslováquia foi o segundo país a aprovar de forma independente a vacina russa. A Hungria já o tinha feito e desde fevereiro que está a administrar a Sputnik V. Foi até mais longe ao distribuir também a vacina chinesa Sinopharm, que ainda não foi aprovada pela EMA.

Um alto responsável húngaro afirmou à Reuters que a "burocracia de Bruxelas não foi capaz de dar resposta rápida e imediata ao contratos (de compra de vacinas), pelo que estamos atrasados em pelo menos dois meses".

Também o presidente da República Checa admite, nesta altura, autorizar a administração da vacina russa assim que for aprovada pelo regulador nacional.Áustria alinha com Israel e Dinamarca

Em mais um sinal de descontentamento com a forma como a Comissão Europeia está a liderar o processo de vacinação, o chanceler austríaco Sebastian Kurz afirmou esta terça-feira que o país vai criar uma aliança com Israel e a Dinamarca para produção de uma segunda geração de vacinas contra mutações do vírus. 

Kurz afirmou que, apesar de considerar correto o processo unificado de compra e distribuição de vacinas dentro da União Europeia, a Agência Europeia de Medicamentos tem sido lenta a aprovar as vacinas. "Por isso temos que nos preparar para futuras mutações e não devemos estar dependentes apenas da União Europeia para produção de vacinas de segunda-geração", disse.

Ainda esta semana Sebastian Kurz deverá viajar até Israel, com o primeiro-ministro da Dinamarca, Mette Frederiksen, para avaliarem de forma próxima o processo de vacinação no país.
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