Instabilidade na África Ocidental e expansão do terrorismo preocupam UE

por Lusa

A diretora-geral do Serviço Europeu de Ação Externa, Rita Laranjinha, afirmou que a instabilidade na África Ocidental e a expansão do terrorismo estão a ser vistos pela União Europeia (UE) "com preocupação".

"Agora com uma preocupação a mais curto prazo focado nas situações no Mali e na Guiné-Conacri. Estes golpes militares são realmente fatores de instabilidade e de preocupação", disse em entrevista à Lusa Rita Laranjinha.

A embaixadora salientou que a União Europeia considera que as "organizações regionais têm um papel preponderante a realizar na tentativa de estabilização das situações" e lembrou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) adotou, no caso do Mali, um conjunto de sanções.

"A União Europeia o que fez foi no último conselho dos Negócios Estrangeiros adotar um quadro legal que permite que quando isso for entendido adequado vir a aprovar um quadro sancionatório específico", afirmou.

"Acreditamos que deve haver soluções africanas para os problemas africanos e, portanto, seguimos a CEDEAO neste processo, obviamente fazendo uma avaliação própria das circunstâncias", explicou.

Rita Laranjinha destacou também que a UE vê "também com preocupação no quadro mais geral da sub-região a expansão dos movimentos terroristas" e o facto de se ver "que a ameaça desce para sul".

"É muito significativo, faz no dia 01 de dezembro um ano que assumi estas funções e neste ano noto uma grande diferença na forma como os países da costa na zona da África Ocidental, a Costa do Marfim, o Gana, por exemplo, falam sobre a preocupação de como veem a expansão da ameaça terrorista", afirmou.

A diretora-geral do Serviço Europeu de Ação Externa disse que a União Europeia está consciente de que tem de ter uma "ação que ajude no combate aos fenómenos terroristas", mas também uma "ação que ajude à estabilização dos países onde essa ameaça começa a surgir".

"Estamos já em contacto com as autoridades desses países para trabalhar naquilo que chamamos um arco de estabilidade", salientou.

A diplomata revelou que a questão do terrorismo vai assumir um "papel central nas discussões" da próxima cimeira União Europeia -- África, prevista para fevereiro, porque "infelizmente é um fenómeno que tem vindo a expandir-se em África".

"Assistimos com preocupação e temos de em conjunto tentar inverter essa expansão", acrescentou.

A diretora-geral do Serviço Europeu de Ação Externa terminou no sábado uma visita à Guiné-Bissau para fazer um balanço da cooperação entre a UE e o país e para projetar a cooperação futura.

Questionada sobre se a migração também vai constar na agenda da cimeira, Rita Laranjinha respondeu que "está permanentemente na agenda".

"O nosso esforço é que os temas da migração sejam abordados de uma forma abrangente, porque infelizmente quando falamos de migração temos a perceção da migração como um fator perturbador e não é apenas essa vertente sobre a qual temos de trabalhar esses temas", afirmou.

Para a embaixadora, é "preciso é trabalhar nos canais de migração legal, encontrar formas de trabalhar em conjunto esses temas, valorizar as diásporas, trabalhar na facilitação das remessas dos emigrantes, que têm um peso muito grande em determinados países africanos".

"Existe um diálogo muito positivo entre a União Europeia e a União Africana neste campo. Não vou escamotear dificuldades. Existe um debate, sabemos muito bem, no seio da União Europeia, que não têm todos as mesma perspetivas, mas exige também um trabalho interno", frisou.

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