O bloco dos conservadores no Irão vai dominar o novo parlamento do país após uma eleição marcada pela menor participação de eleitores desde 1979. Segundo analistas, este resultado reflete a desilusão entre os apoiantes reformistas.
Com 11 assentos a serem disputados numa segunda volta em abril, o novo parlamento irá incluir também pelo menos 20 reformistas e 35 independentes. Cinco assentos são garantidos para as minorias religiosas do país: zoroastrianos, judeus, assírios, cristãos caldeus e cristãos arménios.
Já na capital, em Teerão, os conservadores conseguiram os 30 assentos existentes, com o ex-presidente e comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Mohammad Bagher Ghalibaf, no topo da lista.
Antes das eleições, o bloco conservador de Ghalibaf produziu uma lista conjunta com a frente ultraconservadora. A Frente é liderada por Morteza Agha Tehrani, um político ultraconservador que defende os princípios que levaram à revolução do Irão em 1979. Já Ghalibaf tem a reputação de ser um tecnocrata ambicioso.
Baixa participação no voto parlamentar
De acordo com o Ministério do Interior, a participação de eleitores em todo o país foi de cerca de 42,5 por cento, a menor desde a revolução.
Nas anteriores eleições parlamentares, a participação ultrapassou os 60 por cento. Em Teerão, agora foi de apenas 25 por cento, abaixo das votações anteriores, quando atingiu em média 50 por cento.
No domingo, o líder supremo do Irão, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os inimigos do país tentaram "desencorajar" as pessoas de votar devido ao novo coronavírus, mas acrescentaram que a participação foi boa.
Segundo um professor da Faculdade de Estudos Mundiais da Universidade de Teerão, Fouad Izadi, a fraca participação espelhou a insatisfação do público com o bloco reformista e moderado, associado ao presidente Hassan Rouhani.
"Boa parte dos apoiantes de Rouhani não voltou a aparecer porque não desejavam votar nele nem na oposição", referiu Izadi.
Em 2016, os eleitores atribuíram ao bloco reformista e moderado uma maioria parlamentar de 126 no Majlis (parlamento), no final de um acordo negociado em 2015 entre o Irão e as potências mundiais.