Irão e Rússia alargam cooperação e pedem fim das sanções dos EUA

por Lusa
Maxim shemetov via EPA

O Irão e a Rússia acordaram hoje alargar a cooperação económica e energética para lidar com as sanções dos Estados Unidos, com Teerão a insistir que isso é essencial para salvar o pacto nuclear, postura suportada por Moscovo.

Washington reintroduziu sanções económicas ao Irão quando os Estados Unidos abandonaram, em 2018, o pacto internacional assinado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano, e a Rússia está sob sanções dos Estados Unidos, União Europeia e outros países desde a sua invasão da Ucrânia, lançada a 24 de fevereiro.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, em visita a Teerão, disse numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, que é um "dever" de ambos os países expandirem as suas relações face às sanções dos "Estados Unidos e os seus aliados".

"Temos de encontrar uma forma de expandir as relações na área da energia, transportes e agricultura, finanças e questões aduaneiras", defendeu o ministro russo.

Lavrov explicou que as trocas comerciais entre os dois países aumentaram 80% no ano passado, para 4.000 milhões de dólares (3.805 milhões de euros), números que espera que aumentem em breve com a assinatura de um novo acordo.

Abdollahian, por seu turno, afirmou que "a neutralização das sanções está na ordem do dia do Irão e da Rússia", um dia depois de o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ter defendido, numa reunião com Lavrov, que "o fortalecimento da cooperação é uma forma eficaz de combater as sanções dos EUA e o unilateralismo económico contra países independentes".

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano voltou a pedir a retirada das sanções reintroduzidas pelo então Presidente dos EUA, Donald Trump, para reavivar o acordo que limita o programa nuclear do Irão, uma posição apoiada pelo seu homólogo russo.

Lavrov afirmou que "os Estados Unidos dificultam as conversações sobre o acordo" e que Washington "violou" o direito internacional ao retirar-se do acordo.

"Todas as sanções ao Irão que violem os termos (do pacto) devem ser imediatamente retiradas", defendeu Lavrov.

O chefe da diplomacia iraniana agradeceu o apoio da Rússia, mas também da China nesta questão.

Os laços entre o Irão e a Rússia intensificaram-se nos últimos meses, com a visita do Presidente do Irão à Rússia, em janeiro, e com duas deslocações de Abdollahian à capital russa em menos de um ano.

No final de maio, o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, visitou Teerão para expandir a cooperação com a assinatura de três acordos no setor petroquímico.

 

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