Irão. Ex-líder do parlamento Larijani e ultraconservador Raïssi candidatos às presidenciais

por Lusa
A decisão de Larijani de concorrer às próximas eleições presidenciais foi hoje anunciada, precisamente no último dia de inscrição de candidatos. Abedin Taherkenareh - EPA

O ex-presidente do Parlamento do Irão Ali Larijani e o chefe da autoridade judiciária iraniana, o ultraconservador Ebrahim Raïssi, anunciaram hoje as respetivas candidaturas às próximas eleições presidenciais da República Islâmica, agendadas para 18 de junho.

Ali Larijani, de 63 anos, tornou-se o primeiro candidato de alto nível que potencialmente apoiará as políticas da administração cessante que alcançou o acordo nuclear de Teerão com as potências mundiais.

Com uma voz conservadora proeminente, o ex-presidente do Parlamento iraniano tem sido um aliado do atual Presidente do Irão, Hassan Rohani.

A decisão de Larijani de concorrer às próximas eleições presidenciais foi hoje anunciada, precisamente no último dia de inscrição de candidatos.

Um painel supervisionado pelo líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, tem ainda de aprovar os candidatos.

Larijani manteve laços estreitos com o clérigo ao longo das suas décadas no Governo.

Jornalistas em Teerão assistiram ao registo de Larijani como candidato às presidenciais, o que aconteceu no Ministério do Interior, que supervisiona as eleições.

O político conservador acenou para os espetadores após concluir o processo de candidatura, com o rosto coberto por uma máscara cirúrgica azul, numa altura em que o Irão continua a lutar contra a pandemia de covid-19.

Outro dos candidatos anunciados hoje foi o chefe da autoridade judiciária iraniana, o ultraconservador Ebrahim Raïssi, de 60 anos, que concorre novamente às presidenciais, após uma candidatura malsucedida em 2017.

Num comunicado divulgado pelas agências iranianas, Raïssi indicou que "a luta incessante contra a pobreza e a corrupção, a humilhação e a discriminação" são temas que estarão no centro da sua ação caso seja eleito, tal como defendeu em 2017.

Nos últimos meses, as duas principais coligações de partidos conservadores e ultraconservadores anunciaram que apoiariam Raïssi se este se candidatasse novamente.

Vários candidatos conservadores proeminentes, como o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, pareceram desistir de uma candidatura quando ficou claro que Raïssi pretendia concorrer.

Os iranianos são chamados às urnas a 18 de junho para eleger um sucessor para o Presidente Hassan Rohani, a quem a Constituição proíbe que dispute um terceiro mandato consecutivo.

O registo de candidatos para as eleições presidenciais de 18 de junho no Irão começou na terça-feira, 11 de maio, e termina hoje.

As candidaturas devem agora ser validadas pelo Conselho de Guardiães da Constituição, órgão não eleito e encarregado do controlo das presidenciais e da aprovação dos candidatos.

O conselho deve transmitir a lista dos candidatos aprovados ao Ministério do Interior, para que ela seja divulgada entre 26 e 27 de maio, segundo o calendário oficial. No dia seguinte iniciar-se-á a campanha eleitoral de 20 dias.

Ali Khamenei apelou por diversas vezes nos últimos meses a uma grande participação nas presidenciais, após a abstenção recorde nas legislativas de fevereiro de 2020 (mais de 57%), marcadas pela desqualificação em massa de candidatos reformadores e moderados.

Ainda que Khamenei seja o responsável pelas decisões finais em todas as questões do país, a importância destas eleições não deixa de ser alta, quando decorrem em Viena negociações entre o Irão e as grandes potências para salvar o acordo nuclear de 2015.

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