A autoridade judicial iraniana anunciou, na terça-feira, a confirmação da pena de morte para três homens envolvidos nas manifestações de novembro de 2019, desencadeadas por um aumento do preço do combustível. A decisão está, no entanto, a gerar uma onda de protestos contra a pena de morte e os grupos de direitos humanos exigem que seja revogada.
Esmaili disse que dois deles foram detidos num "assalto à mão armada" e que foram recolhidas provas nos seus telemóveis, mostrando que durante as manifestações tinham incendiado bancos, edifícios públicos e autocarros.
"Foi assim que foi determinado que estes ladrões armados são os bandidos que cometeram esses crimes durante os distúrbios. Eles próprios forneceram as melhores provas", adiantou.
"Khamenei do Irão deve anular as sentenças de morte dos manifestantes Amirhossein Moradi, Saeed Tamjidi e Mohammad Rajabi imediatamente", twittou a Amnistia. "O julgamento deles foi injusto e eles disseram que foram submetidos a tortura por espancamento, choques elétricos e que foram pendurados de cabeça para baixo".
Iran’s @khamenei_ir must quash the death sentences of protesters—Amirhossein Moradi, Saeed Tamjidi & Mohammad Rajabi—immediately! Their trial was unfair & they said they were subjected to torture through beatings, electric shocks and being hung upside down. #اعدام_نکنید pic.twitter.com/cNmMbMNUPR
— Amnesty International (@amnesty) July 15, 2020
Também a organização Human Rights Watch pediu a revogação imediata da decisão: "Estas sentenças foram proferidas sob acusações de segurança nacional vagamente definidas, e os réus tiveram acesso restrito a advogados e alegaram que as autoridades os torturaram ou espancaram para conseguir confissões coagidas", escreveu ainda Tara Sepehri Far, invesigadora do HRW no Irã .
Iranian authorities should immediately repeal the death sentences they issued for three people who participated in the #NovemberProtests. #اعدام_نکنید
— Tara Sepehri Far (@sepehrifar) July 14, 2020
https://t.co/0rFaIJGe6M
Algumas personalidades da sociedade iraniana também se manifestaram contra a sentença anunciada na terça-feira, incluindo Hossein Mahini, jogador da equipa nacional de futebol, e o ex-vice-presidente Mohammad Ali Abtahi, que aconselhou o governo iraniano a não ser teimoso diante de protestos públicos.
"Uma parte importante deste sistema, no caso de protestos, acredita que as medidas devem ser reforçadas", escreveu Abtahi. "Escrevi muitas vezes que o sistema não tem espaço para ser teimoso".
Confirmed: Significant disruption to multiple networks in #Iran after 5 p.m. UTC (9:30 p.m. local time); real-time network data show significant impact to subscriber internet lines limiting citizens' ability to communicate; incident ongoing 📉 pic.twitter.com/XZ1rNXgRHB
— NetBlocks.org (@netblocks) July 14, 2020
Não é a primeira vez, aliás, que Teerão limita e bloqueia o acesso à Internet como resposta a dissidência generalizada ou a apelos a manifestar.
Segundo o advogado Mostafa Nili, aquelas três pessoas estavam nas manifestações de novembro "porque a sua vida tinha sido afetada pelo elevado preço do combustível".
Nili disse que a defesa vai exigir um novo julgamento, sublinhando que os homens "insistem que não cometeram qualquer ato de sabotagem, incêndio ou distúrbio" e que não existe "qualquer documento" provando más ações, além das suas "próprias confissões", que renegaram durante o julgamento.
Em 2019, o grupo defesa de direitos humanos classificou o Irão como o segundo país do mundo com maior número de execuções realizadas. Estima-se que tenham sido executadas pelo menos 251 pessoas só no ano passado, neste país.