Irão sob suspeita de sequestrar cargueiro ao largo dos Emirados

por Graça Andrade Ramos - RTP
Petroleiros e Cargueiros no Golfo de Omã Twitter

Alguns relatos apontam o dedo a forças iranianas que terão sequestrado esta terça-feira o cargueiro Asphalt Princess, de pavilhão do Panamá, no Golfo de Omã, a cerca de 61 milhas náuticas a leste da área costeira de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos.

O alerta foi inicialmente dado pela Agência de Tráfego Marítimo do Reino Unido, UKMTO, que avisou primeiro os navios na área para um incidente.

Horas depois a UKMTO denunciou um "sequestro potencial" em curso e recomendou extrema atenção a outros navios.

O jornal Times citou fontes do Ministério de Defesa britânico, de que as autoridades do país estão a reagir à denúncia "no pressuposto de que militares iranianos ou mercenários abordaram o navio".

A suspeita de sequestro segue-se a outra ocorrência estranha durante esta terça-feira, que envolveu pelo menos cinco navios, e a um ataque com drone contra um petroleiro na semana passada, ambas na área do Golfo.O Golfo de Omã liga o Mar da Arábia ao estreito de Ormuz e é uma área fulcral para o comércio marítimo, por onde passa cerca de um quinto do fluxo mundial de exportações petrolíferas.

De acordo com a editora de assuntos internacionais da Sky News, citando fontes securitárias, "o navio que parece ter sido sequestrado é o Asphalt Princess. Foi uma abordagem não autorizada no Golfo de Omã", referiu. "Um grupo armado de oito ou nove indivíduos terão abordado o petroleiro", escreveu a jornalista no Twitter.

Noutro tweet Haynes acrescentou que "enquanto não se sabe quem abordou o navio ou porquê", duas fontes lhe forneceram informações contraditórias. Uma disse-lhe "estar pressuposto terem sido iranianos" e outra "cuidado que não há certezas".

Os Guardas Revolucionários do Irão negaram o envolvimento de quaisquer forças iranianas ou suas aliadas em ações contra qualque navio ao largo dos Emirados Árabes Unidos, e consideraram o incidente um pretexto para "ação hostil" contra Teerão, referiu o website na televisão nacional iraniana.
"Perda de comando"
Esta tarde, cinco petroleiros que navegavam entre os Emirados Árabes Unidos e o Irão, perto do Asphalt Princess, atualizaram o seu estado AIS para "perda de comando", o que normalmente implica perda de governo do navio devido a circunstâncias imprevistas. Um começou depois a mover-se, afirmou a France Presse. O AIS é um sistema de identificação automática que todos os navios têm permanentemente ligado, a menos que sejam militares e queiram manter secreta a rota.

Quatro navios pediram ajuda, tendo sido identificados pela Associated Press como o Queen Ematha, o Golden Brilliant, Jag Pooja e Abyss.

Todos os navios na área começaram depois a mover-se e permanece a incerteza quantos estiveram envolvidos no incidente com o servidor de rastreamento.

Nenhuma fonte conseguiu também confirmar se a ocorrência está relacionada com o alegado sequestro do Asphalt Princess.

Na mesma altura foi avistado nas imediações um avião de vigilância costeira da Força Aérea de Omã, de acordo com dados recolhidos pelo FlightRadar24.com.

Nem a Quinta Armada dos Estados Unidos, que está baseada no Bahrein, nem os Emirados Árabes Unidos responderam a pedidos de comentários da agência Reuters.
Drone kamikaze
Sinal de que o perigo está a aumentar para a navegação na área do Golfo, na quinta-feira passada o petroleiro Mercer Street, foi atacado ao largo de Omã por um drone kamikaze carregado de explosivos que detonou junto à ponte do navio matando duas pessoas, um veterano britânico contratado como segurança e um marinheiro da Roménia.

Os Estados Unidos, o Reino Unido e Israel culparam o Irão pelo ataque, com Teerão a negar as acusações. Domingo, os Estados Unidos e o Reino Unido prometeram colaborar com os seus aliados em resposta ao ataque ao Mercer Street, um navio de bandeira da Libéria, mas propriedade de uma empresa japonesa gerida pela israelita Zodiac Maritime.

Segunda-feira, Washington prometeu liderar uma "resposta colectiva" contra Teerão, com o secretário de Estado Antony Blinken a considerar o incidente com o Mercer Street uma "ameaça direta à liberdade de navegação e de comércio".

No mesmo dia, o Irão afirmou estar pronto a responder a qualquer ameaça à própria segurança, enquanto Londres chamava o embaixador do Irão no país.

A agência noticiosa iraniana IRNA citou esta terça-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Saeed Khatibzadeh, para quem os recentes ataques marítimos na região sáo "extremamente suspeitos".

Khatibzadeh negou qualquer envolvimento do Irão e garantiu que "as forças navais iranianas estão prontas para auxílio e socorro na região".

As tensões têm aumentado nas águas do Golfo e entre Israel e o Irão desde 2018, quando o Presidente Donald Trump renegou o acordo nuclear estabelecido em 2015 entre o Irão e seis potências mundiais, voltando a impor sanções que têm paralisado a economia iraniana.

Incidentes com minas marítimas multiplicam-se, com as Israel e as potências ocidentais a culparem normalmente o Irão.
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