Israel e Jihad Islâmica Palestiniana. Trégua frágil depois de um fim de semana sangrento

por Carla Quirino - RTP
Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

A trégua foi aceite pelas duas partes envolvidas nos três dias de ataques aéreos com disparos de rockets entre militares israelitas e a Jihad Islâmica Palestiniana, no território fronteiriço da Faixa de Gaza. Pelo menos 44 pessoas morreram, incluindo 15 crianças.

O acordo, mediado pelo Egito com a ajuda das Nações Unidas e do Catar, permitiu esta segunda feira a circulação de ajuda humanitária e a entrada de combustível no enclave palestiniano para reiniciar a única central elétrica.

A trégua começou às 23h30, horário local, no domingo (21h30 em Lisboa), apesar da intensidade de ataques aéreos israelitas e ataques de roquetes palestinianos que se mantiveram até o último minuto.

Nas hostilidades fronteiriças deste fim de semana morreram pelo menos 44 palestinianos, incluindo 15 crianças. Ficaram feridas mais de 300 pessoas.

O acordo do fim das hostilidades foi mediado pelo Egipto, com apoio da ONU e Catar. Israel e o grupo armado palestiniano Jihad Islâmica responderam em comunicado.

Os lideres palestinianos do grupo militar disseram concordar em cessar os ataques perante as condições dentro do território de Gaza se tornarem menos sustentáveis. O fornecimento de eletricidade diminuiu e os hospitais alertaram que os serviços vitais estavam perto do colapso.

Israel também afirmou respeitar o acordo e terminar as hostilidades mas ambas as partes realçaram que mantêm o "direito de responder fortemente" a qualquer violação da trégua.

Esta segunda feira o exército israelita anunciou a reabertura dos postos fronteiriços entre Israel e Gaza, tanto para pessoas e bens, como para "fins humanitários".

A circulação ao ser restabelecida permitirá a entrada em Gaza da ajuda humanitária e do combustível necessário para reiniciar a única central elétrica do enclave.

Abastecimento de combustível | Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

Durante os bombardeamentos dos últimos dias, a falta de combustível obrigou a central a encerrar deixando a população e os serviços básicos, como unidades de saúde sem corrente elétrica.
Garantia da trégua
O secretário-geral da Jihad Islâmica, Ziad al-Nakhala, afirmou ter aceite o acordo da trégua porque o Egito garantiu trabalhar construtivamente nas condições exigidas pelo grupo militar.

"A Jihad Islâmica estabelece as suas condições. Primeiro, unir todos os palestinos. Segundo, exigimos que o inimigo (Israel) liberte o nosso irmão que está em greve de fome, Khalil Awawda, e terceiro, que liberte o sheik Bassem al-Saadi", disse al-Nakhala aos jornalistas a partir da capital iraniana, Teerão.

O Egito emitiu um comunicado dizendo que está "a fazer esforços para libertar" Awawda e "transferi-lo para tratamento". Assegura também que está a tentar a libertação de al-Saadi "o mais rápido possível".

Ainda não houve qualquer comentário por parte israelita, apenas o anúncio de que a operação militar israelita teria terminado. De acordo com a Al Jazeera, "o objetivo israelita era neutralizar a Jihad Islâmica, com a maioria, se não toda a liderança sénior tendo sido morta".

O Exército israelita afirmou que atingiu mais de 140 alvos da Jihad Islâmica, incluindo túneis usados por militantes para realizar ataques, instalações de armazenamento de armas e locais de lançamento de foguetes.

O sistema de defesa antimísseis Iron Dome israelita intercetou cerca de 97% dos cerca 470 rockets lançados de Gaza desde sexta-feira, de acordo com os militares israelitas. Pelo menos 20 por cento dos disparos falharam e aterraram no próprio território em Gaza.

De acordo com Telavive, alguns rockets atingiram o campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, matando várias crianças.

Por sua vez, um porta-voz do Ministério do Interior de Gaza, Eyad al-Bozom, reitera que Israel "tem total responsabilidade por este crime e por todos os crimes que tem cometido durante a sua brutal agressão contra nosso povo na Faixa de Gaza".

Os combates da última semana foram desencadeados quando Israel prendeu o líder da Jihad Islâmica na Cisjordânia, Bassem al-Saadi. A escalada de violência foi justificada por Telavive como um “ataque preventivo” na Faixa de Gaza para travar qualquer retaliação da Jihad.

Este fim de semana, as forças israelitas confirmaram ter abatido Tayssir Al-Jabari e Khaled Mansour, líderes do movimento palestiniano, assim como detido cerca de 40 membros da Jihad Islâmica

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