Israel. Paxlovid da Pfizer eficaz em doentes com Covid-19 de média gravidade

por RTP
Imagem dos comprimidos retrovirais Paxlovid contra a Covid-19 desenvolvidos pela Pfizer Reuters

Os primeiros tratamentos efetuados com a pílula desenvolvida pela farmacêutica norte-americana contra a Covid-19 revelaram uma eficácia elevada em casos de doença de gravidade baixa a média.

O segundo maior fornecedor israelita de cuidados de saúde, Serviços de Saúde Maccabi, revelou que 60 por cento dos pacientes começaram a sentir-se melhor nas primeiras 24h após iniciarem o Paxlovid, com decréscimo da febre e sintomas gerais.

Ao fim de três dias eram já 92 por cento os que registavam melhorias significativas, referem ainda os dados publicados esta segunda-feira.

Israel recebeu as primeiras remessas do medicamento a 30 de dezembro e começou a ministrar as doses na segunda-feira seguinte. Este é o primeiro relatório após duas semanas de ensaios realizados no Maccabi, que trataram com a Paxlovid 850 pacientes diagnosticados com Covid-19.Os resultados abrem caminho ao tratamento ambulatório da doença. A posologia é de tomas diárias de 12 em 12 horas ao longo de cinco dias, ministradas tão cedo quanto possível e antes de cinco dias após os primeiros sintomas. Destina-se para já a pessoas com sintomas ligeiros a moderados, com risco elevado de desenvolver doença grave.

O estudo clínico israelita demonstrou que a ministração do medicamento nos primeiros três dias após os sintomas redundou num decréscimo de 89 por cento no número de hospitalizações e de morte, comparativamente a um placebo. Resultados que replicaram os obtidos pela Pfizer nas fases II e III dos estudos clínicos realizados antes de ver o medicamento aprovado pelas autoridades norte-americanas.

As conclusões sublinharam “a qualidade do tratamento, a sua eficácia e importância durante a luta contra a pandemia de coronavírus, especialmente na vaga atual” afirmou a diretora da divisão de Saúde do Maccabi, Miria Mazrahi Reuveni.

“Recomendamos a quem quer que tenha adoecido com covid e que possa receber este tratamento, que o siga e se proteja contra doença grave, que pode levar à hospitalização e até à morte”, referiu Reuveni.
Efeitos colaterais
Dos doentes abrangidos pelo estudo no Maccabi, seis por cento abandonaram o tratamento após registarem efeitos colaterais, os quais afetaram 62 por cento dos participantes. Um terço destes sentiram na boca um sabor metálico e amargo, 18 por cento tiveram diarreia, 11 por cento perderam o olfato e o paladar, sete por cento tiveram queixas musculares e quatro por cento enxaqueca.

Até agora nenhum dos pacientes morreu após ser tratado com o retroviral da Pfizer. Baseado em Telavive, o Maccabi fornece seguros e tratamentos na área da saúde e tem quase 2.5 milhões de utentes, tanto em tratamento hospitalar como doméstico. Com mais de 10 mil funcionários, é o segundo maior entre quatros prestadores do setor em Israel.

No Maccabi, 25 por cento dos doentes a quem foi proposto o tratamento gratuito com o retroviral recusaram participar no estudo. Dados do Ministério da Saúde israelita indicam que, desde a semana passada, o rácio de recusa cresceu para quase um terço – 753, comparativamente a 1.623 que anuíram.

O tratamento foi oferecido também por outro prestador de cuidados de saúde, o Meuhedet a 188 doentes, 133 dos quais com a vacinação plena, 22 com vacinação parcial e 33 não vacinados. Do total de 46 pacientes que recusaram ser tratados pelo Meudehet com o medicamento oral da Pfizer, 13 eram não vacinados.
Arsenal contra a Covid-19
Há 15 dias, ao receber as primeiras remessas do Paxlovid, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennet, considerou o novo tratamento como um impulso no combate à pandemia.

“Esta entrega traz uma enorme promessa e foi devido à nossa rápida ação que os comprimidos chegaram a Israel tão depressa”, declarou. “Os comprimidos irão contribuir de forma significativa para a nossa capacidade de atravessar o pico da vaga de Ómicon”.
A comercialização da Paxlovid foi autorizada pelas autoridades norte-americanas no início de dezembro e a empresa já avisou que a produção será inicialmente muito limitada.

Israel tem sido pioneiro em tratamentos contra a Covid-19, primeiro na vacinação e agora no tratamento oral da doença, depois de um aumento preocupante de casos da Covid-19 entre pessoas vacinadas devido à mais recente variante do coronavírus.

A 28 de dezembro, a Farmacêutica Oramed, de Israel, anunciou a assinatura de um contrato entre a sua unidade de pesquisa, Oravax Medical, com a distribuidora de medicamentos vietnamita Tan Thanh Holdings, para fornecer 10 milhões de doses da sua vacina oral contra a covid, que está na fase de estudos clínicos.

O acordo autorizou a Tan Thnh a fornecer a vacina israelita aos países participantes na Associação de Nações do Sudoeste Asiático, que inclui o Brunei, o Camboja,a Indonésia, o Laos, a Malásia, as Filipinas, Singapura, a Tailândia e o Vietname, uma área com 660 milhões de potenciais pacientes.
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