Itália bloqueia exportação de vacinas. Comissão apoia decisão

por Alexandre Brito - RTP
Vacina da AstraZeneca Reuters

A Itália bloqueou esta quinta-feira a exportação de 250 mil vacinas produzidas no país pela Oxford-AstraZeneca e que tinham como destino a Austrália. A medida foi apoiada pela Comissão Europeia que, sabe-se agora, está a avaliar a possibilidade de estender o controlo de exportações até ao final de junho.

A medida, desde o início polémica, foi agora utilizada pelo Governo italiano. Bloqueou um carregamento de vacinas que iam para a Austrália. 250 mil feitas pelas instalações da farmacêutica no país.

A Itália tornou-se assim no primeiro país a usar a nova regulação da União Europeia que permite bloquear estas exportações enquanto as farmacêuticas não cumprirem com o que foi contratualizado com o bloco.

A Austrália reagiu ao afirmar que um carregamento não vai afetar significativamente o processo de vacinação no país, mas pediu à Comissão Europeia que reavalie esta decisão.

A AstraZeneca só deve conseguir fornecer aos países europeus 40 por cento do que foi acordado para os três primeiros meses do ano. A empresa alega problemas na produção.

Ainda esta manhã, questionado sobre se a França poderá tomar uma atitude igual à da Itália, o ministro da Saúde Olivier Veran afirmou que sim.

O braço-de-ferro está cada vez mais tenso devido aos atrasos das farmacêuticas, mas também por causa das críticas à Comissão Europeia de que não geriu bem este processo.

Fonte da União Europeia disse à Reuters que, nesta altura, está em avaliação a possibilidade de se prolongar até ao final de junho o esquema de autorização de exportação de vacinas. Este mecanismo deveria terminar no final de março.

Uma decisão que vai aumentar a tensão com países que estão a contar com a entrega destas vacinas, como é o caso da Austrália.

De acordo com a Reuters, numa reunião na quarta-feira com vários diplomatas da EU, foram muitos os países que defenderam esta medida, incluindo a Alemanha e a França.

A Comissão Europeia não fez ainda qualquer comentário oficial sobre esta possibilidade.
Europa central e de leste com aumento de casos

As autoridades alemãs alertaram esta sexta-feira que a variante britânica pode brevemente tornar-se preponderante no país, o que pode dificultar o controlo do vírus.

De acordo com Lothar Wieler, do Instituto Robert Koch, esta variante já representa 40 por cento dos casos na Alemanha, quando há quatro semanas tinha sido encontrada em apenas 4%.

"É previsível que a B117 se torne brevemente a variante preponderante na Alemanha e aí será ainda mais difícil controlar o vírus porque a B117 é mais contagiante e ainda mais perigosa para todas as idades", disse Wieler.

Nesta altura, apenas cinco por cento da população alemã está vacinada com uma inoculação. Três por cento com duas. O Instituto Koch garante que todas as vacinas disponíveis no país protegem contra esta variante britânica. 

Na Hungria, o número de casos não para de aumentar neste últimos dias. O primeiro-ministro já veio alertar que é esperada a entrada de mais 15 a 20 mil pessoas nos hospitais.

Viktor Orban garantiu, no entanto, que o país terá camas e ventiladores suficientes para responder a esta situação.

A Hungria decidiu esta quinta-feira aumentar as restrições no país. Todas as lojas, exceto supermercados e farmácias, vão estar fechadas até 22 de março. As escolas primárias também encerraram. Uma medida, disse Viktor Orban, para evitar uma "tragédia".

Também aqui a expetativa é que o processo de vacinação acelere nos próximos tempos. A Hungria foi o primeiro país europeu a autorizar a vacina chinesa Sinopharm. O mesmo já tinha feito com a vacina russa Sputnik V. Nenhuma destas duas foi ainda autorizada pela Agência Europeia do Medicamento.
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