Já há mais pessoas obesas no mundo do que com fome

por RTP
Imagem de arquivo Regis Duvignau - Reuters

O número de pessoas obesas em todo o mundo é já de 830 milhões. É nesta altura superior ao das pessoas que passam fome. O dado é revelado pelas Nações que alerta que estamos perante um epidemia mundial.

"A obesidade está em todo o lado, afeta crianças, homens e mulheres quer em países desenvolvidos quer em países em via de desenvolvimento", afirmou José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) durante o Fórum Internacional Territórios Relevantes para Sistemas Alimentares Sustentáveis (FISAS).

De acordo com os dados do último relatório anual “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo” da FAO, apresentados em Nova Iorque, no início desta semana, existem cerca de 830 milhões de pessoas obesas por todo o mundo.

“Isto está a acontecer na maior parte dos continentes, com exceção da África e da Ásia. É realmente uma epidemia global”, referiu o diretor-geral da FAO.

Os números lançados revelam um cenário preocupante e assustador. A cada ano, a percentagem de obesidade no mundo aumenta, em média, 4.8 pontos percentuais. Atualmente, o número de famílias afetadas por esta doença já ultrapassou os valores da desnutrição.
O outro lado da balança
Em simultâneo, a ONU revela que, no ano passado, mais de 820 milhões de pessoas passaram fome. A falta de recursos financeiros impediu que milhares tivessem acesso a uma alimentação suficiente para sobreviver.

“Devemos fomentar uma transformação estrutural inclusiva e favorável aos pobres, centrada nas pessoas e nas comunidades, para reduzir a vulnerabilidade económica e caminharmos para a erradicação da fome, da insegurança alimentar e de todas as formas de desnutrição”, afirmaram as Nações Unidas.

Apesar das várias tentativas para a erradicar, a fome mundial continua a subir.
“Só perdemos quando não lutarmos"
"Aumenta a fome, a má nutrição e aumenta a insegurança alimentar”, explicou José Graziano da Silva.

A fome gera subnutrição, mas tudo isto provém de um outro problema: a insegurança alimentar. Segundo os dados revelados no relatório, cerca de dois mil milhões de pessoas, por todo o mundo, vivem com esta preocupação constante.

“Pessoas que se sentem inseguras porque vivem em locais de conflito, inseguras porque estão em países com altos níveis de inflação, inseguras porque são muito mal pagas e não vão ter dinheiro suficiente para comprarem a comida – este número atingiu dois mil milhões de pessoas por todo o mundo”, advertiu o diretor-geral da FAO.

O difícil acesso aos alimentos e a falta de recursos financeiros levou a um dos cenários mais preocupantes na vida das pessoas. "Uma em cada quatro pessoas não sabe se vai ter o que comer durante uma semana. Essa insegurança (alimentar) aumenta quando há guerras ou secas", afirmou José Graziano da Silva.

“Temos que fazer algo rapidamente para alterar isto", acrescentou este responsável.

Seja nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, "está na hora de procurar novos modelos para poder enfrentar a epidemia da obesidade e a insegurança alimentar”.

Reduzir os teores de sal, diminuir a gordura e os açúcares nos alimentos processados podem ser algumas soluções para reduzir o número de obesidade pelo mundo.
Quanto à fome e à insegurança alimentar, resta não perder a esperança e continuar a lutar.

“Só perdemos quando não lutarmos. É isso que temos que continuar a fazer", rematou.
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