Alguns governadores norte-americanos decidiram levantar nos seus Estados as restrições de controlo da pandemia e foram acusados pelo Presidente de estarem a pensar como homens das cavernas.
O primeiro a anunciar o fim das restrições foi o Texas, com o governador na terça-feira a considerar que o Estado tem os meios para
garantir a segurança dos seus cidadãos. Por isso, Greg Abbott decidiu
pôr fim ao seu decreto de uso obrigatório de máscara, em vigor desde
julho passado, e permitir a reabertura da economia a 100 por cento.
Joe Biden sempre defendeu restrições apertadas contra a Covid-19 e
não deixou de exprimir a sua frustração com a pressa dos governadores
contra o conselho dos responsáveis máximos federais. "Espero que todos tenham já percebido que estas máscaras fazem a diferença", sublinhou o Presidente. Os
Estados Unidos estavam "prestes a conseguir mudar fundamentalmente a
natureza desta doença" através da distribuição das vacinas, afirmou Biden. "A
última coisa de que precisamos é de pensamento Neandertal de que,
entretanto, está tudo bem".
Não foram só os republicanos a levantar restrições impostas pela pandemia.
No Michigan, a governadora democrata, Gretchen Whitmer, decidiu aligeirar os limites impostos à capacidade de restaurantes e de reunião em lugares públicos e residenciais.
"Não é o momento"
Os Estados Unidos são o país do mundo mais afetado pela Covid-19 e a vacinação é encarada como a tábua de salvação. Terça-feira, foi com otimismo que Biden anunciou que será possível vacinar todos os adultos norte-americanos antes do previsto. Uma antecipação aberta pela farmacêutica Merck que decidiu fabricar a vacina da rival Johnson&Johnson, entretanto aprovada pela autoridade norte-americana para os medicamentos.
As decisões do Texas, do Mississipi e do Michigan, tornaram o triunfo de Biden mais amargo e provocaram um coro de reprovações.
"Fomos muito claros, este não é o momento de aligeirar todas as restrições. O próximo mês e o seguinte são realmente decisivos", afirmou a Drª Rochelle Walensky, diretora do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, CDC.
E deixou alertas. "Estamos num ponto crítico na pandemia. Tanto pode mudar de rumo nas próximas semanas".
Numa conferência a partir da Casa Branca, a mesma responsável reconheceu que o número de novos casos no país está "a estabilizar", mas lembrou que as variantes do coronavírus estão "a postos para roubar os nossos sucessos".
O aviso é especialmente dirigido ao Texas, onde se começaram a registar variantes perigosas.
Apelos aos cidadãos
Se muitos texanos sentem alívio pelo levantamento das restrições, muitos outros não poupam críticas e acusam Greg Abbot de estar a tentar varrer para baixo do tapete as críticas quanto ao seu desempenho e à falha generalizada das infraestruturas, de água e de eletricidade, na recente tempestade de neve brutal que assolou o Estado.
Já Abbot defendeu a sua decisão de reabrir a economia, aplaudindo a responsabilidade dos texanos, mesmo se duas das maiores empregadoras do Estado, a GM Motors e a Toyota, já disseram que não vão alterar as restrições nas suas fábricas.
"Não tenham dúvidas. A Covid-19 não desapareceu, mas é claro pelas recuperações, vacinações, reduções de hospitalização e pelas condutas de salvaguarda que os texanos estão a praticar, que as ordens estatais já não são necessárias", afirmou Abbot.
Reeves aconselhou-os contudo a "fazer o correcto" e a usar máscara.
Um convite que fez eco do apelo de Biden. O Presidente pediu aos norte-americanos para continuarem a usar máscara para limitar o alastrar do vírus. "Este não é momento de abrandar", explicou. "Há uma luz ao fundo do túnel mas ainda não terminou".
Joe Biden admitiu terça-feira que talvez só daqui a um ano seja possível decretar o fim do alarme pandémico.