John Bolton diz que Irão vai “pagar com o inferno” se atacar EUA

por Joana Raposo Santos - RTP
“Deixem que a minha mensagem seja clara: nós estamos a observar-vos e iremos atrás de vocês”, disse Bolton Darren Ornitz - Reuters

John Bolton, conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, garante que o país se vai manter “agressivo e firme” em relação às sanções impostas ao Irão e que, caso o país ataque os EUA, o preço a pagar será “o inferno”. Perante uma Administração Trump determinada a manter-se fora do acordo nuclear com o país do Médio Oriente, a Alemanha, China, França, Irão, Reino Unido e Rússia dizem estar determinados a desenvolver mecanismos de pagamento que permitam continuar com as trocas comerciais.

Depois de, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas de terça-feira, Donald Trump ter denunciado a “ditadura corrupta” do Irão e a “agenda sangrenta” desse país na Síria e no Iémen, chegou a vez de Bolton reafirmar a posição dos EUA.

Numa conferência onde o público era maioritariamente constituído por ativistas anti-Teerão, o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos frisou que “o regime assassino e os seus apoiantes enfrentarão consequências significativas se não mudarem de comportamento”.

“Deixem que a minha mensagem seja clara: nós estamos a observar-vos e iremos atrás de vocês”, continuou. “Se vierem contra nós, contra os nossos aliados e parceiros, se fizerem mal aos nossos cidadãos e se continuarem a mentir e a enganar-nos, o preço a pagar será o inferno”.

O Presidente norte-americano decidiu, em maio, retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão, assinado em 2015 pelos dois países e por outras potências mundiais. “Não podemos permitir que o principal patrocinador do terrorismo do mundo tenha na sua posse as armas mais perigosas do planeta”, afirmou Trump na terça-feira.

O chamado “Plano Conjunto de Ação” (JCPOA, na sigla em inglês), foi criado com o objetivo de diminuir a produção de armas nucleares no Irão. O país aceitou desativar centrifugadoras nucleares e encher reatores com cimento e, em troca, as sanções que lhe foram aplicadas seriam reduzidas de modo a que a economia iraniana pudesse recuperar, especialmente através de transações de petróleo, a matéria-prima mais valiosa do país.
“UE é fraca na execução”
Numa declaração divulgada após uma reunião entre a Alemanha, China, França, Irão, Reino Unido e Rússia – os países que se mantêm no acordo nuclear – na segunda-feira, o grupo afirmou estar determinado a desenvolver um sistema de pagamentos paralelo de modo a conseguir desviar-se das sanções norte-americanas e manter as trocas comerciais com o Irão.

Bolton já declarou não acreditar que a União Europeia consiga criar um “veículo para fins especiais” que consiga sustentar as vendas de petróleo do Irão.

"A União Europeia é forte na retórica, mas fraca na execução", atirou Bolton. “Estaremos atentos ao desenvolvimento dessa estrutura, que ainda não existe nem tem data prevista. Não tencionamos nem permitiremos que as nossas sanções sejam evitadas pela Europa ou por qualquer outra pessoa”.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA disse ainda esperar que os importadores de petróleo deixassem de comprar esta matéria-prima ao Irão até novembro deste ano, altura em que as sanções norte-americanas ao país do Médio Oriente vão recomeçar.
Riscos financeiros
Bolton fez também questão de alertar para os riscos que empresas e serviços do setor financeiro correm ao negociar com o Irão.

“Os bancos e os serviços de comunicações financeiras, tais como a SWIFT” – serviço que permite a troca de mensagens em interações bancárias – “deviam analisar bem os seus negócios com o Irão e perguntar-se se vale a pena o risco”, declarou.

“A SWIFT devia seguir o exemplo de um crescente número de negócios que tem reexaminado as suas relações com o regime iraniano”.

O Irão foi barrado pela SWIFT, a Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais, em 2012, ficando assim impedido de fazer transferências bancárias internacionais que eram fundamentais nas trocas comerciais. Em 2015, depois de ser implementado o acordo nuclear, a empresa voltou a fornecer o serviço ao Irão.

Donald Trump já declarou, através da rede social Twitter, que não está nos seus planos reunir-se com o Presidente iraniano. “Talvez no futuro. Tenho a certeza que é um homem encantador”, acrescentou.

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