Jovem racista e fanático por armas responsável pela fuga de informação do Pentágono

Depois da polémica fuga de documentos secretos do Pentágono, com informações sobre a guerra na Ucrânia e alguns países aliados dos Estados Unidos, foi revelado que o responsável é um rapaz conhecido por ser racista e fanático por armas. De acordo com a imprensa norte-americana, o jovem trabalhava numa base militar e queria impressionar os membros do grupo a que pertencia e onde divulgou os ficheiros.

Inês Moreira Santos - RTP /
Jim Lo Scalzo - EPA

Em comum têm o gosto por armas, equipamentos militares e Deus. São na maioria rapazes e homens e estão num grupo privado de cerca de 20 pessoas, na plataforma online Discord, onde foram inicialmente divulgados os documentos confidenciais.

"OG", como é conhecido, é o rapaz que terá sido responsável pela fuga de informação originada no Pentágono, de onde saíram mais de 100 documentos com notas do Governo norte-americano sobre a guerra na Ucrânia e sobre os seus aliados.

Segundo o Washington Post, este jovem terá divulgado os documentos para tentar impressionar alguns membros da comunidade online a que pertence. Ao jornal norte-americano, um desses membros contou que OG afirmava trabalhar numa base militar e que, por isso, lidava com documentos secretos.

Essa testemunha afirmou que, quando OG divulgou os documentos, leu atentamente as mensagens que pareciam "ser transcrições quase literais de documentos de inteligência" que o rapaz afirmava ter levado do trabalho para casa.

No grupo do Discord, OG alegou que passou pelo menos parte do dia dentro de uma instalação segura que proibia telefones e outros dispositivos eletrónicos, que podiam ser usados ​​para documentar as informações secretas armazenadas em redes de computadores do Governo ou enviadas de impressoras.

Segundo aquele membro da comunidade, OG tinha alguns documentos com notas escritas à mão, indicando que se tratavam de documentos confidenciais.

No grupo os membros trocavam mensagens escritas, piadas, imagens, mas o membro que falou ao jornal norte-americano referiu que OG também aproveitava o espaço online para falar sobre assuntos internacionais e operações secretas do Governo.

"Ele queria manter-nos informados", afirmou. "Ele é uma pessoa inteligente. Sabia o que estava a fazer quando publicou os documentos, é claro. Não foi uma fuga de informação acidental".

A mesma publicação refere um vídeo em que o rapaz estava num campo de tiro e gritava "uma série de calúnias raciais e anti-semitas para a camâra e, em seguida, dispara vários tiros a um alvo".

A Casa Branca chegou a admitir que a fuga de informação podia ter ocorrido por via externa, nomeadamente por interferência russa, mas a tese de que a fuga partiu de fonte interna ganha cada vez mais força, principalmente depois da publicação do Washington Post.

OG seria o líder de um grupo de gamers entusiastas por armas originalmente formado no Discord, em 2020.
Na altura da pandemia, começou a partilhar uma série de documentos num servidor criado por si.

O “Bear vs Pig”, nome do grupo, era a versão mais secreta de um grupo maior, o "Thug Shaker Central", onde segundo conta a testemunha do jornal, havia partilhas com uma “visão negra do Governo” norte-americano, algumas delas referindo-se às autoridades dos EUA, incluindo as agências de informação, como a CIA, de serem forças repressivas.

As autoridades desconhecem o paradeiro de “OG”, embora o jovem membro que fez as revelações confessou que o suspeito da fuga de informação “parece confuso e perdido em relação ao que deve fazer”.

Entre as dezenas de documentos estavam informações que vão desde a dificuldade da Ucrânia em lidar com uma quebra de mantimentos até relatos que sugerem que soldados de países da NATO, incluindo os próprios Estados Unidos, estão no terreno a combater.

Uma das mais recentes revelações sugere que os Estados Unidos temem que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteja "demasiado recetivo" ao Kremlin.

Foram também identificados documentos que sugerem que Washington espia regularmente alguns dos seus aliados. Não apenas a Ucrânia, mas também Coreia do Sul ou Israel.

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