A justiça norte-americana acusou um ex-piloto de testes da Boeing de ter ludibriado a agência de supervisão da aviação durante o processo de certificação do modelo 737 MAX.
Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em comunicado, o piloto Mark Forkner "prestou à agência informações falsas, imprecisas e incompletas sobre uma nova parte do sistema de controlo de voo do Boeing 737 MAX", conhecido como MCAS, que causou os dois acidentes.
De acordo com os documentos da acusação, o piloto escondeu em 2016 informações sobre uma alteração realizada no MCAS, pelo que a Administração Federal de Aviação (FAA) não inclui a referência sobre o sistema num documento essencial e, indiretamente, nos manuais de treino destinados aos pilotos.
Mark Forkner, de 49 anos, é também acusado de conspiração em prejuízo dos clientes da Boeing que compraram os modelos 737 MAX, privando-os de informações essenciais.
Segundo documentos publicados no início de 2020, Mark Forkner terá mesmo assinalado a sua capacidade de enganar os seus interlocutores da FAA para obter a certificação para o sistema "anti-stall" MCAS.
O modelo 737 Max foi formalmente aprovado em março de 2017.
Factos em causa
Durante ambos os acidentes, o "software" de controlo de voo MCAS baseou-se em informações erradas transmitidas por uma das duas sondas das aeronaves.
Todos os outros 737 Max ficaram em terra cerca de 20 meses, antes de serem autorizados a voar novamente no final do ano passado, após uma alteração no "software".
A Boeing admitiu responsabilidade pela manipulação e concordou em pagar mais de 2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,16 mil milhões de euros) para resolver processos judiciais.
Mark Forkner foi formalmente indiciado por um grande júri no Texas com duas acusações de fraude, envolvendo peças de aeronaves e quatro acusações de fraude de comunicação eletrónica.
Se for considerado culpado, Mark Forkner pode, teoricamente, ser condenado até 100 anos de cadeia.