Trudeau admite cancelar contrato de venda de armas à Arábia Saudita

por Lusa
Peter Foley- EFE/ Reuters

O primeiro-ministro do Canadá admitiu cancelar um grande contrato de venda de armas à Arábia Saudita, na sequência da morte do jornalista Jamal Khashoggi.

Num programa de televisão transmitido no domingo, Justin Trudeau declarou que um contrato no valor de 15 mil milhões de dólares canadianos (9,9 mil milhões de euros) para a venda de veículos blindados leves a Riade está dependente de "cláusulas que devem ser seguidas em relação ao uso do que lhes é vendido".

"Se eles não seguirem estas cláusulas, definitivamente cancelaremos o contrato", acrescentou.

As regulamentações canadianas sobre a venda de equipamentos militares contêm restrições a violações de direitos humanos contra os cidadãos do país onde as armas foram vendidas e proíbem o uso contra civis.

Criticado por organizações de direitos humanos, este contrato foi assinado pelo Governo conservador que o precedeu, lembrou Justin Trudeau.

A ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana já tinha afirmado no sábado que as explicações sauditas sobre as circunstâncias da morte do jornalista não eram credíveis.

A Alemanha anunciou no domingo que vai suspender a venda de armas à Arábia Saudita enquanto não forem apuradas todas as circunstâncias da morte do jornalista Jamal Khashoggi.

"No que diz respeito às exportações de armas, não podem ocorrer no atual momento. Concordo com todos aqueles que dizem que as exportações não podem interferir na situação em que estamos, mesmo que as vendas sejam já limitadas", disse a chanceler alemã, Angela Merkel.

Khashoggi, 60 anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 02 de outubro, para obter um documento para se casar com uma cidadã turca, e nunca mais foi visto.

O jornalista saudita, que colaborava com o jornal The Washington Post, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade.

A Arábia Saudita acabou por admitir no sábado que o jornalista Jamal Khashoggi, crítico do poder em Riade e colaborador do jornal The Washington Post, foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul. Durante vários dias, as autoridades sauditas tinham afirmado que Khashoggi saíra vivo das instalações.

As autoridades turcas têm sustentado que 15 sauditas que chegaram a Istambul em dois aviões no passado dia 2 de outubro estão ligados à morte de Khashoggi.

"Porque é que esses homens vieram cá? Porque é que 18 pessoas foram detidas?", perguntou o presidente turco.

Riade indicou que cinco responsáveis foram despedidos e que 18 sauditas foram detidos na sequência de um inquérito a este caso.

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