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Kiev denuncia "aumento drástico" da violência sexual como arma de guerra

por RTP
Alexander Ermochenko - Reuters

A cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, tornou-se o principal alvo das forças russas, segundo as autoridades ucranianas. Mas, para além dos contínuos bombardeamentos, foi denunciado um "aumento drástico" no uso de violência sexual como arma de guerra no país por soldados russos.

Os bombardeamentos intensos continuam na cidade de Bakhmut , na região do Donbass, onde as forças russas lutam há seis meses. E, durante o fim de semana, Moscovo intensificou ainda os ataques nas zonas residenciais da região de Kherson e na cidade de Kryvy Rih, onde pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas.

“Bakhmut tornou-se o alvo número um do exército de ocupação para destruir a nossa defesa, alcançar a direção de Pokrovsk, Sloviansk, Kramatorsk e para demonstrar pelo menos algum sucesso dos seus militares diretamente no campo de batalha”, afirmou Serhii Cherevatyi, porta-voz do Grupo Oriental das forças armadas da Ucrânia.Segundo a mesma fonte, a Rússia perde entre 50 e 100 soldados todos os dias nos combates para tomar a cidade de Bakhmut.


Mas a ofensiva russa vai para além dos ataques militares. Segundo a agência alemã DPA, o procurador-geral da Ucrânia Andrei Kostin acusou os militares russos de usarem deliberadamente a violência sexual como arma de guerra "para humilharem os ucranianos".

"Em muitos casos, as pessoas são violadas, torturadas e depois mortas por soldados russos. Muitas vezes, as violações acontecem em frente de familiares e crianças"
, explicou o procurador-geral, que detalhou que "todos os géneros e faixas etárias são afetados" e que os comandantes russos costumam ordenar ou apoiar as violações.
"Há quatro meses, 40 casos de violência sexual foram registados. O número agora é de mais de 110 casos - e está a aumentar acentuadamente. Mas o número de casos não notificados é muito maior”, deixou claro, acrescentando que esta é uma das formas de tentar que a população se sinta intimidada e quebre.

Também Wenzel Michalski, diretor da Human Rights Watch para a Alemanha, confirmou que esta tem sido uma abordagem sistemática na ofensiva russa desde que, em fevereiro, as forças russas invadiram a Ucrânia.

"Atos violentos cometidos por soldados, incluindo violações, não são punidos pelas lideranças militares e políticas russas. Pelo contrário, as forças que agem com particular brutalidade continuam a ser homenageadas", explicou Michalski.

Já na sexta-feira, a comissão de inquérito da ONU que investiga a guerra na Ucrânia disse que a falta de resposta da Rússia para ter acesso aos territórios ocupados pelas forças armadas russas dificulta o seu trabalho. Uma das dificuldades encontradas está em falar com vítimas de violência sexual, "uma vez que ainda há muito estigma ligado a ela e muitos não estão dispostos a falar publicamente sobre o que sofreram", explicou Jasminka Dzumhur.

c/ agências
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