O Presidente da República descreveu como uma “reparação histórica” o tributo prestado esta segunda-feira, em França, aos soldados portugueses que morreram em La Lys. Marcelo Rebelo de Sousa quis sublinhar que, “durante muito tempo”, a história desta batalha da I Guerra Mundial foi escrita por “outros” e que “essa visão não era justa para Portugal”.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que “finalmente se está a fazer a história do que se passou de facto, do sacrifício, da dedicação, da coragem”, referindo-se ao Corpo Expedicionário Português destacado para França a partir de janeiro de 1917.
A Batalha de La Lys vitimou mais de sete mil homens, incluindo mortos, feridos e prisioneiros de guerra.
“Fez parte da lógica da ditadura apagar a história da Grande Guerra uma vez que ela nasceu largamente de um movimento militar crítico com a situação vivida em Portugal e que não guardou uma boa memória da Grande Guerra e, por isso, em décadas essa memória não foi devidamente prestigiada respeitada e até mesmo contada”, apontou.
Marcelo manifestou a expectativa de ver recuperada em novembro, quando se assinala o término da I Guerra Mundial, “uma tradição que é a homenagem junto do monumento dos heróis da Grande Guerra na Avenida da Liberdade, com uma grande homenagem militar”.
O Presidente da República salientou a presença de Emmanuel Macron nas cerimónias que se realizaram durante a manhã no cemitério militar português de Richebourg, norte de França. Uma presença, sublinhou, “intensa, vivida e longa” por parte do Presidente francês, “sacrificando um programa que tinha em Paris”.
Rosário Salgueiro, Duarte Valente, Pedro Escoto, Rodrigo Lobo - RTP
Antes, em Richebourg, Marcelo referira-se à Batalha de La Lys como “o maior luto militar” português desde Alcácer Quibir.
“A paz e a reconciliação”
Em La Couture, diante do Monumento aos Mortos Portugueses, coube a António Costa destacar “a paz e a reconciliação entre os povos europeus”. E apelar a que se olhe para o futuro sem esquecer “os erros do passado”.
“Cem anos depois, celebramos a paz e a reconciliação entre os povos europeus e a sua vontade de construirmos juntos um futuro comum”, declarou em francês o primeiro-ministro, que manifestou também “o profundo reconhecimento” pela presença de Macron no cemitério militar de Richebourg.António Costa descreveu a Batalha de La Lys como “o momento mais dramático e mortífero da participação de Portugal na Grande Guerra”.
Já em português, o chefe do Governo falou às Forças Armadas, “dignas herdeiras de uma tradição militar”, e aos emigrantes, que “engrandecem França e prestigiam Portugal”.
“Quero aqui também deixar uma palavra a todas as portuguesas e a todos os portugueses que em França nasceram ou que para aqui vieram na esperança de construir um futuro de prosperidade que não encontravam na nossa pátria. A vossa presença em França tem contribuído para engrandecer a França, mas tem sobretudo contribuído para prestigiar Portugal porque onde cada um de vós está, está um pouco de Portugal”, clamou.
De novo em francês, Costa assinalou que, “a partir das ruínas das duas guerras mundiais, a Europa se consagrou à construção de uma união de nações”, apostada “em promover a paz, reforçar a solidariedade dos povos e assegurar a todos a liberdade e a justiça”.
Foto: Mário Cruz - Lusa
O primeiro-ministro e o Presidente da República estiveram na igreja onde estão patentes o “Cristo das Trincheiras” e um fresco sobre La Lys. No Monumento aos Mortos, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa descerraram uma placa evocativa dos 100 anos da I Guerra Mundial.
No domingo, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa haviam já descerrado, na Avenue des Portugais, em Paris, uma placa em “homenagem aos combatentes da Grande Guerra” e participado numa homenagem ao Soldado Desconhecido no Arco do Triunfo.
c/ Lusa
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