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Las Ramblas: Presença de Felipe VI na homenagem às vítimas provoca polémica

por RTP
Um suposto grupo de independentistas catalães colocou várias faixas contra a visita do Rei Felipe VI a Barcelona Alejandro Garcia - EPA

A Catalunha assinala esta sexta-feira o primeiro aniversário dos atentados de Las Ramblas e de Cambrils. A presença do Rei de Espanha Felipe VI, que não foi convidado, na homenagem às 16 vítimas mortais, foi contestada pela ala separatista catalã.

Os reis de Espanha, que participaram nas cerimónias em memória das vítimas dos atentados de há um ano, chegaram hoje de manhã à Praça da Catalunha, Barcelona, acompanhados pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e por Teresa Cunillera, do governo autónomo catalão.

À chegada, o Rei saudou as autoridades presentes, entre as quais o presidente da Generalitat, Quim Torra, e a mulher do ex-conselheiro do Interior Joaquim Forn, em prisão preventiva devido à realização do referendo independentista de 2017.

Os atentados de Las Ramblas e de Cambrils (Tarragona), a 17 de agosto de 2017, fizeram 16 mortos, entre as quais duas portuguesas, e 120 feridos.

"Barcelona, cidade de paz” é o lema da cerimónia organizada pela autarquia de Barcelona e em que participam vítimas e familiares de doze países.

Entretanto, Pedro Sánchez emitiu uma mensagem, através da rede social Twitter, em castelhano e catalão, de solidariedade para com as vítimas.

Numa primeira mensagem, em castelhano, difundida ao princípio da manhã, Sánchez afirmava que a unidade de toda a sociedade espanhola é “uma força contra o terror e a barbárie”.

Centenas de pessoas estiveram na Praça da Catalunha para assistir à cerimónia que contou com a presença de familiares das vítimas e membros do governo e das autoridades locais.
Faixas contra a presença de Felipe VIUm suposto grupo de independentistas catalães colocou várias faixas contra a visita do Rei Felipe VI a Barcelona.

A faixa de grandes dimensões – que foi entretanto retirada pelas autoridades locais – era perfeitamente visível do local onde o Chefe de Estado espanhol assistia à homenagem e dizia, em inglês: “O rei espanhol não é bem-vindo às terras catalãs” (“The spanhish king is not welcome in Catalan Countries”)


A frase escrita em letras negras e vermelhas estava acompanhada de uma imagem invertida de Felipe VI.

Há ainda um cartaz que mostra apoio aos presos políticos catalães e onde se lê: “Sem eles, esse ato é uma farsa”.


Outra faixa de protesto mostra uma imagem de Felipe VI a cumprimentar o monarca da Arábia Saudita.



Junto à imagem do Rei espanhol a cumprimentar o rei da Arábia Saudita foram escritas as frases em inglês: “As guerras deles, os nossos mortos” e “Catalunha em solidariedade para com as vítimas”.

Na parte inferior da faixa foi colocada a bandeira independentista.

No centro da cidade de Barcelona ativistas dos Comités de Defesa da República (CDR) distribuem panfletos em que se vê reproduzida a mesma imagem tendo sido adicionada a frase: “Quem quer paz não trafica armas”.
Presença mal recebida pelos independentistas
A presença do monarca na cerimónia na Praça da Catalunha foi anunciada a 3 de agosto pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, que afirmou que o primeiro aniversário dos atentados “exige solidariedade e respeito pelas vítimas e seus familiares”.

No entanto, numa região que atravessa o tenso processo político separatista desde outubro, o anúncio da presença de Felipe VI foi mal recebida por alguns setores.

O presidente da Generalitat (governo regional da Catalunha), Quim Torra, anunciou no dia seguinte que os catalães não têm rei e que “ainda exigem e esperam” as desculpas de Felipe VI por dar cobertura “à violência contra cidadãos que exerciam o seu direito de voto” no referendo independentista de 1 de outubro (de 2017) no discurso que pronunciou dois dias depois.

Estas tomadas de posição contra a presença do Rei foram criticadas por todos os partidos políticos nacionais e por organizações da sociedade civil.

O porta-voz do Partido Popular (PP) no Congresso, Rafel Hernando, instou partidos e organizações separatistas a deixarem-se de “desvarios políticos” e “delírios independentistas” e “pensem um pouco mais nas vítimas” do terrorismo.

Julio Rodríguez, secretário-geral do Podemos na cidade de Madrid, defendeu que os atos oficiais são uma homenagem às vítimas de devem estar livres de qualquer “conotação política ou de protagonismo pessoal”. “Para falar de outras coisas […] há muitos dias ao longo do ano”, disse.

O Ciudadanos falou através do seu porta-voz no parlamento regional (Parlament), Carlos Carrizosa, que confirmou a presença na cerimónia e acusou as forças independentistas de “aproveitar para erodir o chefe de Estado”, considerando “uma vergonha” que se “instrumentalize um ato contra o terrorismo”.

A associação Amics de La Rambla, que reúne comerciantes e moradores da zona da avenida mais turística de Barcelona, apelou a todos os que mostraram a sua solidariedade com as vítimas ao longo do último ano a participarem na cerimónia, deixando de lado “outros interesses pessoais ou políticos”.
16 vítimas mortais
A 17 de agosto de 2017, um homem conduziu uma carrinha contra os turistas que passeavam na avenida mais emblemática de Barcelona, matando 14 pessoas, entre as quais duas portuguesas.

O mesmo suspeito roubou mais tarde um automóvel, matando o homem que o conduzia.

Horas mais tarde, cinco cúmplices lançaram o automóvel em que seguiam contra pessoas que passeavam na cidade balnear de Cambrils (Tarragona), fazendo um morto.

Os seis autores materiais dos ataques, todos filhos de imigrantes marroquinos com entre 17 e 24 anos, foram mortos pela polícia.

C/Lusa
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