Legislativas Espanha. Líderes partidários já votaram

por RTP
Sergio Perez - Reuters

O primeiro-ministro espanhol em funções, Pedro Sánchez, foi um dos primeiros líderes partidários a votar nas legislativas que hoje decorrem, as quartas que Espanha promove em quatro anos, aproveitando para lembrar que o exercício do voto reforça a democracia.

As eleições foram convocadas em setembro pelo Rei de Espanha, depois de constatar que o primeiro-ministro socialista em funções, Pedro Sánchez, não conseguiu reunir os apoios parlamentares suficientes para voltar a ser investido no lugar.

Pedro Sánchez votou cerca das 09h30 horas locais (menos uma hora em Lisboa) em Pozuelo de Alarcon, perto de Madrid.

"Considero muito importante que reforcemos a nossa democracia com o nosso voto e que encorajemos todos os cidadãos a votar para que amanhã possamos ter estabilidade para formar um Governo e fazer com que Espanha possa avançar", referiu o líder do PSOE aos jornalistas.

O líder do PSOE está “razoavelmente otimista no sentido em que creio que a jornada eleitoral de hoje vai decorrer com todas as garantias, e acho que é muito importante fortalecer a democracia com o nosso voto, encorajar todos os cidadãos a votar para que a partir de amanhã possamos ter a estabilidade necessária para formar Governo e pôr a Espanha a andar”.

O PSOE, partido liderado por Pedro Sánchez, deverá ser o mais votado nestas eleições, mas as sondagens que foram sendo publicadas nestes últimos dias indicam que terá ainda mais dificuldade em conseguir os apoios necessários para formar um Governo estável.

Seis meses depois da última consulta, as sondagens indicam que o voto está cada vez mais fragmentado, com o PSOE a perder força, a extrema-direita do Vox a subir e um equilíbrio entre os blocos de partidos de esquerda e de direita.

O fiel da balança vai continuar a estar numa série de pequenos partidos de âmbito regional, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães responsáveis pela queda do anterior executivo socialista e de quem ninguém quer ficar a depender.Unidas Podemos disponível para Governo conjuntoPablo Iglesias está disponível para um Governo conjunto com o PSOE. O líder do Unidas Podemos diz que esta é a melhor solução para Espanha.

“Nós vamos estender a mão ao Partido Socialista. Pensamos que combinar a valentia de Unidas Podemos com a experiência do Partido Socialista poderia converter o nosso país numa referência de políticas sociais”, afirmou Pablo Iglesias.


O líder do Unidas Podemos defende que se “deve deixar para trás as críticas “.

“A Espanha pode ser um país que se transforme num exemplo de proteção dos direitos sociais e das liberdades. Pela nossa parte, a partir desta noite deixamos para trás as acusações e vamos começar a trabalhar todos juntos”, acrescentou.PP apela à estabilidade O candidato do Partido Popular, Pablo Casado, espera que a votação leve estabilidade ao país.

“Creio que hoje o mais positivo seria que houvesse um resultado claro, um resultado que permitisse desbloquear uma situação política que já está a afetar a economia a as expetativas dos espanhóis”, afirmou Pablo Casado.

Acompanhado pela mulher, Pablo Casado exerceu o seu direito de voto cerca de uma hora e meia depois da abertura das urnas no Colégio de Nossa Senhora do Pilar, em Madrid, tendo referido aos jornalistas que o PP fechou a campanha eleitoral "com muito otimismo e com muito boas perspetivas".

O líder do PP defende “um a união de todos espanhóis em torno das urnas para decidir o desbloqueio e decidir o futuro, para decidir a estabilidade, que é o que neste momento mais falta faz em Espanha”.Ciudadanos apela ao voto dos moderados O candidato do Ciudadanos, Albert Rivera, apela ao voto dos moderados. Segundo as sondagens, o número de indecisos é a possível chave para Espanha sair do impasse político.

“Quase 25 por cento dos espanhóis ainda ontem, dia de reflexão, não tinham decidido. Quer dizer que há muitos partidos. Por isso é que eu disse que os moderados, os indecisos, as classes médias, as pessoas que não gritam, que querem falar, as pessoas que não insultam mas que respeitam, são as que têm a chave desta solução”, afirmou Albert Rivera.


Para o líder do Ciudadanos, se essas pessosa “forem votar, se os moderados melhorarem as expetativas, podemos ter a chave de Espanha, podemos desbloquear o país e por o país a andar”.

“Por isso, acho que hoje devemos pedir um esforço a todos, mas sobretudo aos moderados, para que vão votar. Porque se só votarem os extremos, podemos arriscar-nos a ter um país ingovernável”, alertou. 37 milhões chamados às urnas

Cerca de 37 milhões de espanhóis podem exercer o seu direito de voto das 09:00 (08:00 em Lisboa) até às 20:00 (19:00) para escolher 350 deputados e 208 senadores das Cortes Gerais.

Assim que as urnas encerrarem, as televisões irão revelar sondagens feitas à boca das urnas durante o dia e a partir das 21:00 (20:00) começarão a sair os resultados das quase 60.000 mesas e mais de 210.000 urnas instaladas em 50 províncias e nas cidades de Ceuta e Melila, no norte de África.

Uma parte importante da atenção mediática vai estar na Catalunha, uma comunidade autónoma com uma forte presença de movimentos independentistas que aumentaram os protestos, por vezes de forma violenta, desde que há quase um mês foi conhecida a sentença de uma série de líderes envolvidos na tentativa de independência de 2017.

Nas últimas eleições, em 28 de abril último, o PSOE teve 28,7% dos votos, seguido pelo PP 16,7%, o Cidadãos 15,9%, o Unidas Podemos 14,3% e o Vox 10,3%. Eleitores "fartos" de votar Os eleitores espanhóis estão hoje a votar "fartos" por terem de ir às urnas mais uma vez, mas com a esperança de que os partidos políticos cheguem finalmente a um acordo que acabe o impasse político.

"Estou farto de eleições, mas a democracia é assim mesmo", disse à Lusa Jua, que tinha acabado de votar numa das urnas instaladas na Escola Primária Manuel Sáinz de Vicuna, no bairro de Moratalaz de Madrid.

Este espanhol de 48 anos espera "que, desta vez, os partidos possam chegar a acordo", para haver um Governo "estável" que faça "avançar" o país.

"Já não acredito em nenhum partido, cada um só pensa em si e não sei se vão desbloquear o atual impasse", disse, acompanhada pelo marido, Joana, de 65 anos, acrescentando que, apesar de estar "cansada de votar", é preciso cumprir o dever cívico.

O bairro de Maratalaz foi construído num momento de grande crescimento económico, nos anos 60 do século passado, começando por ser um bastião da esquerda para, à medida que a sua população foi envelhecendo, votar maioritariamente à direita.

"Não quero voltar para votar mais uma vez. Os partidos deviam ser obrigados a chegar a um acordo", afirmou Maribel, de 55 anos, que deu o exemplo das crianças da escola que "agora" aprendem que na vida "é preciso fazer compromissos" entre pessoas que não pensam da mesma forma.

No parque desportivo à entrada do estabelecimento de ensino, quatro polícias asseguravam que a votação decorria normalmente, a maior parte do tempo despreocupados, a conversar entre eles e com alguns dos eleitores conhecidos, numa manhã relativamente fria de sol.

"Acho que é boa a situação atual de haver muitos partidos. Há mais diversidade, mas têm de chegar a acordo entre eles", afirmou Manuel, de 45 anos, sem saudades dos quase 40 anos em que PSOE (socialistas) e PP (direita) se intercalavam com maiorias absolutas no Governo.

"Mais partidos não é necessariamente mau, mas as pessoas estão cada vez mais desmobilizadas", opinou Juan Miguel, de 45 anos, depois de votar, acrescentado esperar que o PSOE, desta vez, chegue a um "acordo com a esquerda e não com a direita". Sondagens apontam para vitória do PSOE

Nas últimas eleições, em 28 de abril último, o PSOE teve 28,7% dos votos, seguido pelo PP 16,7%, o Cidadãos 15,9%, o Unidas Podemos 14,3% e o Vox 10,3%.

Segundo várias sondagens publicadas, o PSOE voltará a ganhar as eleições, mas com uma queda ligeira (para cerca de 27%), seguido pelo PP (direita) que sobe para cerca de 20% e o Vox, também a crescer, para cerca de 15%.

A forte subida dos dois partidos de direita é feita à custa do Cidadãos (direita liberal), que baixaria para 8-9%, enquanto à esquerda o Unidas Podemos (extrema-esquerda) deve descer ligeiramente.

A todos estes partidos junta-se agora o Mais País, uma formação criada por um ex-fundador do Podemos, que apesar das sondagens indicarem uma votação reduzida, 2-3%, irá roubar alguns votos aos restantes dois principais partidos da esquerda.

 

 

 

C/ Lusa

Tópicos
pub