Mais de 170 prisioneiros de guerra foram hoje libertados no Iémen ao abrigo da operação de troca entre os rebeldes Huthis e o Governo, processo patrocinado pela ONU e iniciado na quinta-feira sob a organização da Cruz Vermelha Internacional.
Segundo informou o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), um avião procedente de Aden (sul) chegou a Sanaa, capital iemenita que está nas mãos dos rebeldes xiitas Huthis desde 2014, com 101 prisioneiros a bordo.
Outro avião que transportava outros 76 prisioneiros de guerra, que se encontravam detidos em Sanaa, aterrou, por sua vez, em Aden, precisou o CICV na sua conta oficial na rede social Twitter.
O Iémen é palco de uma guerra desde 2014, entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, cujo governo está refugiado em Aden, capital "provisória", e que desde março de 2015 é apoiado por uma coligação militar internacional árabe, cujo principal pilar é a Arábia Saudita.
A guerra já causou dezenas de milhares de mortos, sobretudo civis, e provocou a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU.
A troca de prisioneiros em curso é classificada como "a maior desde o início do conflito", com um total de 1.081 prisioneiros a serem libertados ao abrigo de um acordo patrocinado pela ONU, segundo sublinhou o CICV.
A operação é vista como um primeiro sinal de progresso no processo de paz para acabar com um conflito que se arrasta há seis anos.
A troca de prisioneiros arrancou na quinta-feira com a libertação de mais de 700 detidos, que foram transportados em vários voos que se deslocaram entre Sanaa, a cidade de Seiyun (no sudeste do Iémen e controlada pelo governo), e as cidades sauditas de Abha e de Riade (capital), disse ainda o CICV.
A troca de prisioneiros resulta de um acordo concluído em setembro na Suíça com base nos compromissos assumidos pelos beligerantes em 2018 na Suécia. Na altura, o governo iemenita e os rebeldes acordaram trocar um total de 15.000 prisioneiros.
Desde então, as trocas de prisioneiros entre as duas fações têm ocorrido de forma esporádica.
Na quinta-feira, o emissário das Nações Unidas no Iémen, Martin Griffiths, saudou o início da operação, considerando que "mostra uma vez mais que o diálogo pacífico pode dar resultados".
"Espero que as partes se reúnam em breve sob os auspícios das Nações Unidas para discutir a libertação de todos os prisioneiros e detidos ligados ao conflito e dar algum consolo aos milhares de famílias que esperam estar com os seus entes queridos", disse Griffiths na mesma ocasião.