Líder da oposição no Uganda diz que ganhou as presidenciais por "larga margem"

por Lusa

O candidato da oposição à Presidência do Uganda Bobi Wine afirmou hoje ter vencido por "larga margem" as eleições desta quinta-feira, apesar dos resultados parciais, contabilizadas 29% das mesas de voto, darem vantagem ao Presidente cessante, Yoweri Museveni.

"Estou muito confiante, derrotámos o ditador por larga margem. (...) De certeza que ganhámos as eleições e ganhámo-las com uma grande vantagem", afirmou hoje Bobi Wine numa conferência de imprensa em Kampala, a capital do país.

A comissão eleitoral do Uganda revelou hoje que a candidatura de Museveni lidera a contagem dos votos, escrutinadas que foram até agora 29% das mesas de voto, com 63% dos votos contabilizados, enquanto o candidato da oposição mais votado, Bobi Wine, recolheu 28% dos sufrágios registados. Os resultados finais são esperados na tarde deste sábado.

Robert Kyagulanyi Ssentamu, com 38 anos, ex-cantor muito popular no país, deputado desde 2017, conhecido pelo seu nome artístico, Bobi Wine, disse ainda que a votação foi manipulada e "o que quer que esteja a ser declarado é uma farsa total".

A comissão eleitoral reagiu entretanto à acusação, afirmando que cabe a Wine provar as suas alegações, e este sustentou que fornecerá provas de boletins de voto pré-fixados e de outras irregularidades, logo que o acesso à internet no Uganda for restabelecido.

Wine falava em sua casa aos jornalistas, que registaram uma forte presença policial junto à residência do político.

A votação decorreu de forma pacífica, mas sucedeu a um violento período de campanha, em que Wine foi detido diversas vezes, sob vários pretextos, mas nunca condenado, e viu dezenas de membros do seu partido serem igualmente detidos.

Segundo a a comissão eleitoral, Museveni segue na liderança da contagem, com 1,8 milhões de votos atribuídos até agora, enquanto Wine recebeu mais de 820.000. A comissão escrutinou 3 milhões de votos até agora, ou seja, 16% dos eleitores registados.

O acesso à internet continua cortado no Uganda, na sequência de ordem do governo aos operadores de telecomunicações do país na passada quarta-feira, mas a comissão eleitoral afirma que esta limitação não terá qualquer efeito sobre o processo.

Museveni lidera o Uganda desde 1986 e candidata-se a um sexto mandato depois de ter alterado a Constituição do país por duas vezes, uma para anular o limite de mandatos do Presidente e a outra, em 2017, para retirar da Magna Carta do limite de idade de 75 anos até então fixado ao exercício do cargo de chefe do Estado.

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