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Líder rohingya morto a tiro em campo de refugiados no Bangladesh

por Lusa

Um líder rohingya foi morto a tiro num campo de refugiados no Bangladesh, na quarta-feira à noite, por homens armados desconhecidos, declarou hoje a polícia local.

Os atacantes, não identificados, atiraram sobre Mohibullah no campo de refugiados de Kutupalong, em Ukhiya, no distrito de Cox`s Bazar, disse Naimul Haque, comandante do batalhão de polícia armada em Cox`s Bazar.

O líder rohingya foi levado para um hospital, onde foi declarada a sua morte. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade e não ficou claro quem estava por trás do ataque.

Mohibullah era um professor que emergiu como um importante líder refugiado e um porta-voz que representava a minoria étnica muçulmana em reuniões internacionais.

O líder rohingya visitou a Casa Branca em 2019 durante um encontro sobre liberdade religiosa e falou sobre o sofrimento e a perseguição enfrentados pelos rohingyas em Myanmar (ex-Birmânia).

No mesmo ano, Mohibullah foi duramente criticado pelos meios de comunicação bengali depois de liderar uma grande manifestação com 200.000 refugiados para marcar o segundo aniversário da repressão pelos militares de Myanmar, que fez com que cerca de 700.000 rohingyas fugissem daquele para o vizinho Bangladesh.

A Human Rights Watch (HRW) considerou Mohibullah uma voz vital para a comunidade rohingya.

"Sempre defendeu e direito dos rohingyas a um retorno seguro e digno e a ter voz nas decisões sobre as suas vidas e futuro. O seu assassínio é uma demonstração clara dos riscos enfrentados por aqueles que nos campos falam de liberdade e contra a violência", disse Meenakshi Ganguly, diretor do grupo de direitos para o sul da Ásia, num comunicado.

A Amnistia Internacional (AI) condenou o assassínio e pediu às autoridades do Bangladesh e ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) que trabalhem juntas para garantir a proteção das pessoas nos campos, incluindo refugiados, ativistas, trabalhadores humanitários e a comunidade local.

Mais de 700.000 rohingyas fugiram para campos de refugiados no Bangladesh desde agosto de 2017, quando o exército do Estado de maioria budista de Myanmar começou a perseguir o grupo minoritário muçulmano após um ataque de rebeldes. Juntaram-se a centenas de milhares de outros que fugiram para o Bangladesh durante décadas.

A perseguição movida a partir de 2017 aos Rohingyas incluiu violações, assassínios e incêndios de milhares de casas e foi classificada como "limpeza étnica" por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos e pela ONU.

Embora o Bangladesh e Myanmar tenham tentado promover repatriações, os rohingyas têm demasiado medo de regressar a casa.

No total, o Bangladesh abriga mais de 1,1 milhão de refugiados rohingyas de Myanmar, após várias ondas de perseguição, mesmo antes de 2017.

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