Líderes da UE aceitam dialogar com Vladimir Putin

por Lusa
Angela Merkel defendeu no Conselho Europeu a retoma do diálogo com a Rússia Olivier Matthys - EPA

Os chefes de Estado e de Governo da UE concordaram em manter "o diálogo" com o presidente russo, Vladimir Putin, mas afastaram, para já, a possibilidade de uma cimeira, afirmou a chanceler alemã.

"Agora serão trabalhados os formatos e condições em que o diálogo pode ser retomado. Hoje não foi possível chegar a um acordo sobre a que nível, se ao nível dos chefes de Estado, mas o importante é que o diálogo seja mantido", disse Angela Merkel, no final do primeiro dia do Conselho Europeu, realizado em Bruxelas.

"Pessoalmente, gostaria de ter ido mais longe, mas (..) vamos continuar a trabalhar", acrescentou a chanceler alemã, precisando que "não foi uma discussão fácil".

A Alemanha e a França apresentaram uma proposta para retomar as cimeiras com o presidente russo, depois da reunião que Putin realizou, na semana passada, com o homólogo dos Estados Unidos, Joe Biden.

Para o presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, "é demasiado cedo" para um encontro ao mais alto nível. "Até agora, não vemos mudança radical no comportamento de Vladimir Putin", disse.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, também se manifestou contra a proposta de Berlim e Paris, afirmando que não participaria numa reunião com Putin numa cimeira europeia, tal como a chefe do governo da Estónia.

Já o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, defendeu que "a relação com a Rússia não pode limitar-se às sanções económicas e à expulsão de diplomatas".

Nas conclusões adotadas após várias horas de reunião, os chefes de Estado e de Governo da UE pediram a Moscovo uma atitude "mais construtiva" e um "compromisso político", bem como a cessação de ações contra a UE e Estados-membros, e países terceiros.

Por um lado, os líderes europeus declararam-se "abertos" a um envolvimento seletivo com a Rússia, em questões como alterações climáticas, acordo nuclear com o Irão ou conflitos na Síria e na Líbia. "O Conselho Europeu irá explorar formatos e condicionalidades do diálogo com a Rússia", sublinharam.

Por outro, consideraram necessária uma "resposta firme e coordenada da UE e dos Estados-membros a qualquer atividade maliciosa, ilegal e perturbadora por parte da Rússia, com pleno uso de todos os instrumentos à disposição da UE e assegurando a coordenação com os parceiros".

Para isso, convidaram a Comissão e o Alto Representante a "apresentar opções para medidas restritivas adicionais, incluindo sanções económicas".

Em paralelo, condenaram as recentes atividades cibernéticas maliciosas contra os Estados-membros, incluindo Irlanda e Polónia, e pediram que sejam estudadas "medidas apropriadas, no quadro da caixa de ferramentas da ciberdiplomacia".
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