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"Linhas vermelhas". Trump não quis secretário de Estado hostil à tortura

por Joana Raposo Santos - RTP
Os documentos revelam que Trump chegou a contratar candidatos que o tinham criticado fortemente Carlos Barria - Reuters

Em 2016, antes de Donald Trump tomar posse como presidente dos Estados Unidos, a sua equipa de transição ter-se-á oposto a cerca de uma centena de candidaturas de indivíduos que queriam fazer parte da futura Administração. Documentos confidenciais revelados no domingo mostram que o agora presidente norte-americano vetou, por exemplo, um candidato que disse “opor-se à tortura” e a uma “solução militar na Síria”.

Os documentos, compilados pelo Comité do Partido Republicano, foram divulgados pelo site norte-americano de notícias Axios e revelam problemas com cerca de 100 candidatos que estavam na altura a ser considerados para posições de topo na Administração Trump.

Um dos casos em destaque é o de David Petraeus, antigo militar e ex-diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). De acordo com o formulário de vetação respeitante a Petraeus, intitulado “Linhas vermelhas”, Trump terá recusado que este se tornasse conselheiro de Segurança Nacional por ser contra a “tortura” e por se opor a uma “solução militar na Síria”.

“Petraeus opõe-se à tortura”, lê-se no documento, que refere ainda como “linhas vermelhas” as preocupações do antigo militar quanto ao “discurso político inflamatório” contra muçulmanos e o apoio a uma lei que restringia o acesso a armas de fogo.

Alguns dias antes do início da presidência, Donald Trump tinha declarado que “a tortura funciona” e que a sua Administração se encontrava a rever os métodos a utilizar no combate às organizações radicais em todo o mundo.


Também Rudy Giuliani, ex-presidente da Câmara de Nova Iorque que em 2016 se candidatou a secretário de Estado, mereceu o veto de Donald Trump.

De acordo com o Axios, as preocupações da equipa de transição relativamente a este candidato eram tantas que foi criado um documento separado, com 25 páginas, intitulado “Dossier de Pesquisa sobre os Laços Empresariais de Rudy Giuliani”.

Laura Ingraham, apresentadora da estação norte-americana Fox News, foi na altura considerada para secretária de imprensa da Casa Branca, mas infringia uma “linha vermelha” sobre discriminação. “Ingraham disse que as pessoas deviam usar fralda em vez de partilhar casas de banho com pessoas transgénero”, refere a equipa de transição do Comité do Partido Republicano.
Críticos de Trump foram contratados
Os documentos revelam, porém, que Trump se mostrou disponível para se reunir e que chegou a contratar candidatos que o tinham criticado fortemente durante a campanha presidencial, apesar de tal ter sido desaconselhado pela equipa de transição.

É esse o caso de Nikki Haley, que se tornou embaixadora de Donald Trump para as Nações Unidas e que tinha previamente afirmado que o agora Presidente representava “tudo o que ensinamos as crianças a não fazer no infantário”.

Também Rick Perry, que acabou por ser nomeado secretário da Energia dos Estados Unidos, representava preocupações para equipa de transição por ter afirmado que a ideologia de Trump era “uma mistura tóxica de demagogia, mesquinhez e absurdo” que levaria “o Partido Republicano à perdição”.

A Rex Tillerson, primeiro secretário de Estado de Donald Trump, também foi apontada uma “linhaa vermelha”. “Os laços de Tillerson com a Rússia são profundos”, lê-se no documento.
Casa Branca responde
Em resposta às informações obtidas pelo Axios, a Casa Branca afirmou que “o presidente Trump constituiu uma equipa incrível para o Governo e que – apesar de 93 por cento de cobertura noticiosa negativa – alcançou sucessos inegáveis como a redução de impostos, níveis recorde de emprego, uma economia crescente, uma reforma das Forças Militares e a pressão sobre o autoproclamado Estado Islâmico”.

Tradicionalmente, quem se candidata a posições de topo na Casa Branca enfrenta três verificações: uma primeira pelo FBI, que analisa o historial do candidato; a do Gabinete de Ética Governamental, que verifica a existência de conflitos financeiros relevantes; e a da equipa política do Presidente eleito, que conta com o apoio de advogados.
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