Lobby pró-israelita indignado com proposta de Obama para o Departamento de Defesa

por RTP
Chuck Hagel, em fotografia de 2007 Stefan Zaklin, Epa

A nomeação de Chuck Hagel para secretário de Estado da Defesa teria alguma coisa para agradar ao Partido Republicano, que Hagel representou no Senado. Mas é entre os seus correligionários que mais vozes se levantam contra a escolha de Obama. Entretanto, a Casa Branca confirmou também que John Brennan irá ser nomeado para chefiar a CIA.

O principal argumento originário dos arraiais republicanos contra a nomeação de Hagel é a sua alegada falta de entusiasmo pela aliança israelo-americana. O senador da direita republicana pela Carolina do Sul, Lindsay Graham, considerou em declarações à CNN que Hagel seria "o secretário da Defesa mais hostil a Israel de quantos há na História da nação". Do seu ponto de vista, a nomeação de Hagel "é uma afronta a todos os que apoiamos Israel".

Numa entrevista concedida em 2006, Hagel afirmara que "o lobby judeu intimida aqui muita gente... Sempre me manifestei contra algumas das coisas estúpidas que faz, porque não creio que beneficiem os interesses de Israel. Só considero que não é acertado para Israel". Uma observação atenta das declarações de então revela no entanto que as críticas de Hagel são feitas em nome dos interesses de Israel.

De consequências práticas mais sérias são outras posições que Hagel tem tomado, por vezes contra as sanções a aplicar ao Irão ou a favor de pressionar Israel para que aceite dialogar com o Hamas. Alguns dos seus opositores também lhe censuram posições que chegou a tomar pela limitação dos gastos militares no orçamento dos Estados Unidos.

Anteriormente, nos doze anos (1997-2009) que teve assento no Senado em representação do Nebraska, Hagel opusera-se à invasão do Iraque. Em 2008 decidiu por iniciativa própria renunciar ao lugar de senador e apoiou Obama nessa primeira eleição, contra a candidatura republicana de John McCain.

Em diversos momentos se especulou sobre que contrapartida obteria por esse apoio, tendo chegado a admitir-se que poderia ser na segunda eleição o candidato de Obama para a vice-presidência. Se a sua  nomeação for confirmada, Hagel substituirá Leon Panetta, que veio da chefia da CIA para a secretaria de Estado da Defesa.

À frente da CIA deverá ficar, segundo confirmação da Casa Branca, John Brennan, que já antes assessorava Obama sobre serviços de informações e política externa. Uma anterior candidatura de Brennan a chefiar a CIA fracassara por se considerar inadequado para o lugar alguém, como ele, que emitira reservas sobre o uso da tortura em interrogatórios.

Mas agora que o general David Petraeus teve de deixar a presidência da CIA devido a uma ligação extra-conjugal que deu escândalo, parece que o entusiasmo pelos interrogatórios "musculados" deixou, ao menos na circunstância, de ser condição indispensável para dirigir a agência.


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