Luanda Leaks. PJ tem disco rígido de Rui Pinto com informação encriptada

por RTP

Um dos advogados de Rui Pinto afirmou à RTP que a Polícia Judiciária tem na sua posse o disco rígido com a informação relativa aos Luanda Leaks que foi entregue ao consórcio de jornalistas que investigou e revelou o caso. Francisco Teixeira da Mota disse ainda que esse disco, tal como outros dez relativos ao Football Leaks, foram também entregues às autoridades francesas e belgas.

"Ele tem cerca de, creio, 10 discos rígidos, que estão na posse da Polícia Judiciária, mas também das autoridades francesas e belgas. Tal como este disco que entregou a esta plataforma, foram entregues também às autoridades francesas de combate fiscal", disse o advogado.

De acordo com Teixeira da Mota, os discos rígidos que estão na posse da PJ "estão à ordem do processo e estão encriptados", dando a entender que o seu conteúdo ainda não foi desbloqueado.

"Até este momento as autoridades portuguesas só pediram a Rui Pinto para desencriptar para o poderem acusar de mais crimes. Não que pretendessem de alguma forma utilizar a informação que pudesse lá estar. Esta é a única colaboração que até esta data foi solicitada", disse o advogado à RTP.

Questionado sobre o porquê de só agora Rui Pinto ter assumido que era o denunciante dos Luanda Leaks, Francisco Teixeira da Mota começou por explicar que quando entregou este disco rígido Rui Pinto não tinha esta informação toda. "Esta já lá estaria em grande parte, mas ao longo de um ano este consórcio de jornalistas teve que trabalhar esta informação. Isto é um trabalho que levou um ano e tal e estava completamente fora do controlo de Rui Pinto. A partir do momento em que entregou não teve mais nenhuma intervenção".

"Neste momento foi divulgado pelo consórcio as conclusões a que tinham chegado e portanto Rui Pinto decidiu assumir que tinha entregue estes dados todos à plataforma de apoio dos whistleblowers de África", continuou.

Francisco Teixeira da Mota nega a ideia de que o momento do anúncio foi uma estratégia da defesa porque a informação agora revelada poderia ter saído "há três meses como daqui a três meses".

Admite, no entanto, que "isto representa para a defesa alguma forma de confirmação pública do mérito do trabalho de Rui Pinto".

À RTP, o advogado disse ainda que Rui Pinto "não tinha a noção exata da dimensão dos factos que tinha em seu poder. Ele entregou um disco rígido, com muita informação, que sabia que era grave, que revelava factos criminosos, mas não tinha noção exatamente daquilo que veio a aparecer".

"Ele ficou satisfeito por ver que aquilo que tinha entregue representava a denúncia de factos muito graves tanto em Angola como em Portugal e que desmascarou aquilo que é uma rede de cumplicidades muito grande, que não é só da família dos Santos, é todo o resto que está à volta e isso (Rui Pinto) considera extremamente positivo. Nesse aspeto estava satisfeito."

"Rui Pinto foi uma pessoa extremamente corajosa e forte", disse ainda Teixeira da Mota à RTP. "Não tenho dúvida nenhuma que é um denunciante e que para muita gente, suponho em Angola mas mesmo cá, não deixa de ser um herói independentemente de ter praticado factos mais ou menos lícitos".
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