Mahmud Abbas pede à ONU que organize uma conferência no início de 2021

por Lusa

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, pediu hoje à ONU que organize uma conferência no início de 2021, após as presidenciais norte-americanas, para "lançar um processo de paz" israelo-palestiniano "com base na lei internacional".

Este pedido para "acabar com a ocupação israelita" pretende ser uma resposta ao plano de paz do presidente norte-americano, Donald Trump, que "o mundo inteiro rejeitou" e que "vai contra todas as resoluções internacionais", declarou Mahmud Abbas durante a Assembleia-Geral anual das Nações Unidas.

"Apelo ao secretário-geral das Nações Unidos para começar os preparativos" para "uma conferência internacional no início do próximo ano que junte todas as partes envolvidas", adiantou.

"Esta conferência deve ter toda a autoridade necessária para lançar um processo de paz sincero com base no direito internacional" e "garantir ao povo palestiniano a sua independência e liberdade no seu próprio Estado", disse ainda o líder palestiniano.

Mahmud Abbas criticou novamente o "plano Trump" apresentado em janeiro, que apenas prevê um Estado palestiniano reduzido e retalhado, mas também os acordos históricos assinados recentemente pelo Estado hebreu com dois países árabes do Golfo, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, e patrocinados pelos Estados Unidos.

"Com a sua agressão, Israel renegou todos os acordos que assinou e minou a solução de dois Estados" e "com os seus atos unilaterais e irresponsáveis, está a destruir as últimas hipóteses de paz", considerou o presidente da Autoridade Palestiniana num vídeo gravado no seu gabinete.

"Como se isso não fosse suficiente, Israel, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein acabam de assinar acordos de normalização em violação da Iniciativa de Paz Árabe e dos princípios de uma solução justa e duradoura de acordo com o direito internacional", lamentou Abbas.

Os palestinianos classificaram os acordos de normalização de "punhalada nas costas" e a Palestina renunciou na terça-feira à presidência rotativa do Conselho da Liga Árabe, após ter falhado um consenso da organização para condenar os pactos.

A Palestina "não se sente honrada por ver os árabes lutando pela livre normalização com Israel durante a sua presidência do Conselho da Liga", justificou o chefe da diplomacia da Autoridade Palestiniana, Riyad al-Malki.

Até agora os países árabes condicionavam a normalização de relações com Israel ao fim da ocupação dos territórios palestinianos pelo Estado hebreu e ao estabelecimento de um Estado da Palestina.

Por outro lado, as fações palestinianas iniciaram um diálogo na esperança de unir forças para contrariar a normalização das relações entre Israel e os países do Golfo.

Além disso, a Fatah, à frente da Autoridade Palestiniana que gere a Cisjordânia ocupada, e o movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, chegaram a um acordo para a realização de eleições legislativas e presidenciais nos territórios, que serão as primeiras em quase 15 anos.

Responsáveis dos dois lados disseram à agência France Presse na quinta-feira que as eleições ocorrerão "dentro de seis meses".

Tópicos
pub