A exposição apresenta uma série de retratos com diferentes malaios a posar com a bandeira do país.A homossexualidade é ilegal na Malásia sob as leis seculares e religiosas.
As fotografias foram captadas no ano passado para comemorar os 60 anos de independência da Malásia.
Num dos retratos estava Nisha Ayub, uma ativista transgénero que ganhou vários prémios, incluindo o Prémio Internacional das Mulheres de Coragem do Secretário de Estado dos EUA, em 2016, pelo trabalho sobre os direitos dos transsexuais.
Pang Khee Teik é o cofundador do
Seksualiti Merdeka, um festival anual de direitos de sexualidade. Além disso, é também editor do fórum
online Queer Lapis.
O responsável pelo Seksualiti Merdek foi fotografado a segurar uma bandeira de orgulho LBGT, envolto na bandeira nacional.
Demonstração de orgulho da Malásia
Joe Sidek, o diretor do festival, disse à
BBC que recebeu ordens para tirar as fotografias, mas não foi "ameaçado". O objetivo da exposição pública,
Stripes and Strokes, era mostrar "o orgulho da Malásia, não o orgulho gay", frisou Sidek.
A sociedade malaia "não aceita que a comunidade LGBT seja promovida porque é contra as normas", disse Mujahid ao jornal
The Star da Malásia.
"Não aprovo a censura, mas entendo por que razão isto tinha de ser feito”, disse Sidek. "Por isso, escolhi perder esta batalha", acrescentou, após mencionar que foi criticado pela decisão.
O director do George Town Festival insistiu que estava a olhar para a situação na totalidade e que combater esta solicitação poderia causar problemas no futuro.
"Tenho repetido regularmente no Parlamento que não apoiamos a promoção da cultura LGBT na Malásia", disse Mujahid Yusof, segundo o jornal The Star da Malásia.
"Quando se coloca a fotografia com o símbolo [de orgulho], se isso não é promoção, então qual é a definição de promoção?", frisou o ministro de Assuntos Islâmicos.
Quando o Estado interfere na arte pode ser considerado censura, afirmou Syahredzan Johan. Segundo o advogado dos direitos civis e secretário político de Lim Kit Siang, se a censura serve para ceder a determinadas "sensibilidades", então a censura está errada.
“Lutei contra esta censura no regime anterior. Não vou tolerar a mesma censura por este Governo", disse num tweet.
Divulgação nas redes sociais
Vários ativistas dizem que a intolerância para com a comunidade lésbica, gay, bissexual e transgénero tem crescido na Malásia nos últimos anos. Milhares de pessoas já viram os retratos dos ativistas Nisha Ayub e Pang Khee Teik nas redes sociais, após a ordem do Governo para remover a exposição fotográfica.
“A ordem do ministro para remover estas fotos da exposição só inspirou mais malaios a compartilhá-las online, mais do que se tivessem participado no festival de George Town”, explicou ao jornal
The Tapir Times o analista LGBT Abdullah bin Bakar.
Pang Khee Teik
My friend Mooreyameen took photos of some Malaysians in conjunction with Merdeka and they are being exhibited as part of #GeorgeTownFestival. This page admin took photo of the pics of Nisha Ayub,...
Depois de perceber que a proibição dos retratos não resultou, o Governo malaio está a investigar maneiras de proibir a partilha da exposição online.
Em comunicado, a Amnistia condenou a discriminação contra pessoas LGBT na Malásia pelos políticos do país.
“O novo Governo da Malásia deve aproveitar a oportunidade para estabelecer padrões mais elevados de direitos humanos em toda a região. Isso inclui assegurar uma sociedade inclusiva, igualitária e recetiva para as pessoas LGBTI”, revela o comunicado da organização.
Nisha Ayub disse numa
publicação, divulgada no Facebook, que as pessoas estavam a tentar usar a sua fotografia, assim como as de outros ativistas, contra o Governo.
"Falam sobre os direitos enquanto cidadãos da Malásia, mas mesmo assim negam que pessoas como eu expressem o nosso amor ao nosso próprio país", escreveu a ativista transgénero.