Manifestações na Nicarágua causam mais cinco mortos

por RTP
Já morreram pelo menos 351 pessoas este ano nas manifestações de Nicarágua Juan Carlos Ulate - Reuters

Pelo menos cinco pessoas morreram na quinta-feira em novos protestos na Nicarágua. O país já se manifesta desde abril pela demissão do Presidente Daniel Ortega.

Quatro polícias e um manifestante foram mortos na cidade de Morrito durante protestos que pediam, uma vez mais, a demissão do Presidente da Nicarágua. O anúncio foi feito por Vilma Nuñez, presidente do Centro Nicaraguense dos Direitos Humanos, em declarações à agência France Presse.

Segundo informações preliminares, o incidente ocorreu junto à esquadra da polícia. Francisca Ramirez, líder de um movimento da sociedade civil, afirmou que os manifestantes foram “atacados por paramilitares” e que alguns deles dispararam armas de fogo.

A polícia ainda não comentou o caso. No entanto, já acusou repetidamente os manifestantes que se opõem a Ortega de pertencerem a “gangs criminosos”, que praticam assassinatos, roubos e sequestros.

Os protestos não se fizeram ouvir apenas na cidade de Morrito. Organizadas pela Aliança Cívica pela Democracia e Justiça, uma coligação que se opõe ao Governo de Ortega, as manifestações tiveram lugar em várias cidades do país. Mas a maior ação de protesto de quinta-feira ocorreu mesmo na capital Manágua.
O que se passa na Nicarágua

A 18 de abril as populações da Nicarágua saíram às ruas para protestar contra um decreto imposto por Ortega. Este aumentava as contribuições dos trabalhadores e empresários e impunha uma retenção de cinco por cento para os reformados, tal como explica o diário espanhol El País.

No dia seguinte, com a continuação dos protestos, ocorreram as primeiras mortes: dois estudantes e um polícia. Ortega mandou fechar os principais canais de televisão independentes e um canal da Conferência Episcopal.

Desde então a população de Nicarágua tem-se manifestado a favor da saída de Daniel Ortega da Presidência, após 11 anos de mandato. Acusam-no de instaurar uma ditadura no país juntamente com a mulher, Rosario Murillo, que assume a vice-presidência.

Esta quarta-feira a Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos (ANPDH) anunciou que já morreram pelo menos 351 pessoas na Nicarágua, fruto da repressão do Governos contra as manifestações. Destes, 306 são civis, 28 faziam parte de grupos paramilitares – defensores do Governo de Ortega –, 16 eram polícias e um era membro do exército.

Para além do número de mortos, estão dadas como desaparecidas 261 pessoas.
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