Manifestações na Nicarágua causaram 34 mortos em seis dias

por Lusa

Manágua, 25 abr (Lusa) -- A vaga de manifestações na Nicarágua, contra uma reforma da Segurança Social que já foi abandonada, causou 34 mortos em seis dias, indicou hoje num novo balanço do Centro Nicaraguense dos Direitos Humanos (CENIDH).

O número de mortos pode aumentar nas próximas horas, advertiu o organismo, cujo balanço anterior dava conta de 27 mortos.

No hospital encontram-se 66 feridos, 12 dos quais "em estado grave e nos cuidados intensivos", e 16 pessoas continuam desaparecidas, precisou Marcos Carmona, do CENIDH.

A maioria dos mortos são estudantes, na origem do movimento de contestação à reforma, mas a organização não-governamental registou também dois polícias e um operador de câmara mortos.

"Condenamos a violência utilizada pela polícia e pelos seus grupos paramilitares contra jovens (que se manifestavam) por uma causa justa", declarou Carmona.

"É um ato condenável, eles utilizaram franco atiradores. A maioria dos mortos foi atingida na cabeça, no pescoço e no peito", afirmou, defendendo uma investigação às mortes e que se processem os responsáveis.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também pediu às autoridades nicaraguenses uma investigação rápida, profunda, independente e transparente das mortes, enquanto a União Europeia, os Estados Unidos e o Vaticano criticaram a força excessiva utilizada pela polícia.

O presidente Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro de 72 anos e que enfrentou uma onda de raiva sem precedentes desde a sua chegada ao poder há 11 anos, renunciou no domingo à controversa reforma da segurança social e na terça-feira libertou dezenas de estudantes detidos nas manifestações.

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