Manifestações nos EUA. Jornalistas australianos atacados pela polícia junto à Casa Branca

por RTP
Jonathan Ernst - Reuters

Uma equipa de reportagens australiana estava a cobrir os protestos contra a morte de George Floyd, junto à Casa Branca, quando foi atacada pela polícia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros australiano garante que o ataque aos dois jornalistas vai ser investigado.

Depois do episódio de uma equipa de reportagem da CNN ser detida em direto, nos protestos em Minneapolis na semana passada, dois jornalistas australianos foram atacados pelas forças policiais, junto à Casa Branca, enquanto cobriam as manifestações em Washington.

A jornalista Amelia Brace e o operador de câmara Tim Myers, profissionais do canal australiano 7NEWS, estavam a filmar uma manifestação nas imediações da Casa Branca quando foram atacados pela polícia anti-motim.

Segundo imagens divulgadas por outros canais, a polícia de choque norte-americana bateu nos dois jornalistas do canal australiano Channel Seven com um escudo e um bastão, para os afastar de uma manifestação perto da Casa Branca, em Washington.


A correspondente australiana nos EUA, Amelia Brace, e Tim Myers "não tinham para onde ir", quando a polícia abriu caminho para o Presidente após o discurso que fez diante dos portões da Casa Branca na noite de segunda-feira.

Brace levou com um bastão e Myers terá levado uma pancada com o escudo da polícia e um murro na cara, antes de a câmara de filmar cair ao chão. Ambos tentavam repetir às forças policiais que estavam a trabalhar, que eram da comunicação social, mas sem sucesso.

Após o ataque, Amelia Brace voltou a entrar em direto e relatou o momento, afirmando que as forças policiais norte-americanas que estão a tentar controlar os protestos em Washington não discriminam e são "bastante violentas".

"Gritámos que éramos dos media, mas eles não se importam. Estão a bater indiscriminadamente, neste momento".

"Fui atingida por uma bala de borracha nas costas e Tim no pescoço", disse ainda. "Foram bastante violentos", acrescentou. Mas a jornalista foi protegida pelo colega Myers, tendo acabado por conseguir escapar ao ataque policial.

"Estou-lhe muito agradecida, ele é um repórter muito experiente e trabalhou em zonas de guerra, por isso senti-me muito segura quando ele me levou dali para fora".

O governo australiano já expressou desagrado com o incidente.

Trata-se de um incidente "muito sério" que causou "séria preocupação", afirmou Marise Payne, ministra australiana dos Negócios Estrangeiros.

"A nossa embaixada nos Estados Unidos vai reunir-se com as autoridades relevantes e o Seven News dir-nos-á como gostaria de resolver o problema", disse Payne à estação de rádio RN Drive.

"Sempre apoiámos o direito a fazer protestos pacíficos e exortamos todas as partes a agir com moderação e evitar a violência", acrescentou a ministra, admitindo que os Estados Unidos estão a passar por um "período muito difícil".

Também o líder da oposição, Anthony Albanese, disse esta terça-feira que era inaceitável que os jornalistas australianos fossem atacados enquanto faziam apenas o seu trabalho.

"Numa sociedade democrática, o papel dos media é decisivo e é importante que sejam capazes de relatar eventos, incluindo crises como a que estamos a assistir nos Estados Unidos, livres de assédio", disse Albanese.

"E a violência que ocorreu com os membros da equipa jornalística, tanto de órgãos australianos como norte-americanos, com gás lacrimogéneo a ser disparado, e os jornalistas a serem atacados, é completamente inaceitável".

O que aconteceu com a equipa australiana é um dos muitos casos de jornalistas que relatam protestos nos EUA, em que foram atacados com violência e alvejados por polícias.

Já na semana passada, Uma equipa de reportagem do canal norte-americano Wave3 foi alvo de disparos por parte da polícia, durante um protesto por George Floyd.

A jornalista Kaitlin Rust e seu repórter de imagem, James Dobson, estavam também a transmitir em direto um proteso em Louisville quando foram atingidos.
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