O Presidente português afirmou na última noite desejar que os contactos institucionais na Guiné-Bissau decorram num clima "o mais plural possível" e referiu que há dias falou com guineenses que protestavam contra esta visita oficial.
O chefe de Estado português levou duas horas a percorrer oito quilómetros, pela Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, grande parte do tempo acenando empoleirado na porta da viatura onde seguia acompanhado pela ministra de Estado e dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa.
Marcelo Rebelo de Sousa saiu várias vezes do carro para ir ao encontro da multidão efusiva, provocando grande agitação nas forças de segurança. À sua passagem, pessoas corriam e gritavam "Presi, Presi", outras agradeciam a sua vinda, ao fim 31 anos sem uma visita oficial de um Presidente português a este país.
O chefe de Estado português, que estará em Bissau até ao fim do dia de hoje (terça-feira), depois de em outubro do ano passado ter recebido em Lisboa o seu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que "o estreitamento das relações bilaterais e o simbolismo da troca de visitas de um chefe de Estado e de outro num espaço de seis meses significa a vontade de ir mais além".
Depois, em resposta a críticas que tem recebido por esta visita oficial à Guiné-Bissau, a primeira de um Presidente português desde 1989, acrescentou: "Terei, naturalmente, os contactos institucionais mais importantes, num clima que quero o mais plural possível - que nós, portugueses, somos plurais".
"Isso explica por que razão eu fiz questão de aparecer pessoalmente a uma reunião em Belém em que eram recebidos manifestantes reticentes quanto à minha vinda, para lhes explicar muito fraternalmente a razão de ser dessa visita", referiu, observando: "E penso que fiz bem".
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que, na sua ausência, "serão recebidos outros manifestantes por representantes da Presidência da República, porque o pluralismo é isso".
"É como o pluralismo na Assembleia (Nacional Popular da Guiné-Bissau), onde eu vou ter oportunidade de encontrar representantes de várias formações de opinião política e de expressão política da vida guineense", salientou, declarando que "Portugal quer verdadeiramente abraçar todos os guineenses".