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Marcelo quer pluralismo nas relações com os guineenses

por Lusa
Marcelo recebeu um banho de multidão na chegada a Bissau José Sena Goulão - Lusa

O Presidente português afirmou na última noite desejar que os contactos institucionais na Guiné-Bissau decorram num clima "o mais plural possível" e referiu que há dias falou com guineenses que protestavam contra esta visita oficial.

Marcelo Rebelo de Sousa discursava num hotel de Bissau, perante representantes da comunidade portuguesa, num encontro que começou mais de três horas depois do previsto, devido ao atraso da sua chegada à Guiné-Bissau, vindo de Cabo Verde, na segunda-feira, e à demora no percurso do aeroporto até ao centro da capital guineense, durante o qual foi saudado por uma multidão.

O chefe de Estado português levou duas horas a percorrer oito quilómetros, pela Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, grande parte do tempo acenando empoleirado na porta da viatura onde seguia acompanhado pela ministra de Estado e dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa.

Marcelo Rebelo de Sousa saiu várias vezes do carro para ir ao encontro da multidão efusiva, provocando grande agitação nas forças de segurança. À sua passagem, pessoas corriam e gritavam "Presi, Presi", outras agradeciam a sua vinda, ao fim 31 anos sem uma visita oficial de um Presidente português a este país.

O chefe de Estado português, que estará em Bissau até ao fim do dia de hoje (terça-feira), depois de em outubro do ano passado ter recebido em Lisboa o seu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que "o estreitamento das relações bilaterais e o simbolismo da troca de visitas de um chefe de Estado e de outro num espaço de seis meses significa a vontade de ir mais além".

Depois, em resposta a críticas que tem recebido por esta visita oficial à Guiné-Bissau, a primeira de um Presidente português desde 1989, acrescentou: "Terei, naturalmente, os contactos institucionais mais importantes, num clima que quero o mais plural possível - que nós, portugueses, somos plurais".

"Isso explica por que razão eu fiz questão de aparecer pessoalmente a uma reunião em Belém em que eram recebidos manifestantes reticentes quanto à minha vinda, para lhes explicar muito fraternalmente a razão de ser dessa visita", referiu, observando: "E penso que fiz bem".

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que, na sua ausência, "serão recebidos outros manifestantes por representantes da Presidência da República, porque o pluralismo é isso".

"É como o pluralismo na Assembleia (Nacional Popular da Guiné-Bissau), onde eu vou ter oportunidade de encontrar representantes de várias formações de opinião política e de expressão política da vida guineense", salientou, declarando que "Portugal quer verdadeiramente abraçar todos os guineenses".
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