A primeira-ministra britânica avisou os deputados que se apoiarem o acordo que negociou com Bruxelas arriscam “nenhum Brexit de todo” e que o Reino Unido continuará na União Europeia. Foi o ultimato de Theresa May perante os deputados que ameaçam bloquear o acordo. May afirmou que a rejeição do acordo provocará ainda “mais incerteza e discórdia” no Reino Unido.
"Se olharmos para a alternativa a este acordo com a UE, será ou mais incerteza, mais discórdia, ou existe o risco de não haver qualquer Brexit", declarou Theresa May na sessão semanal de perguntas dos deputados.
"A futura relação é o que continua a ser negociado e é um pacote. O acordo de saída foi negociado em princípio e o pacote inteiro que será apresentado ao parlamento será o que vai ser considerado no Conselho Europeu", vincou.
Se o acordo completo sobre os futuros laços da Grã-Bretanha com a UE não estiver concluído até ao final do período de transição, previsto até ao final de 2020, há na perspetiva da primeira-ministra três opções para evitar uma fronteira na Irlanda do Norte: o chamado backstop, a extensão do período transitório ou "acordos alternativos".
"Continuamos a negociar esse relacionamento futuro para conseguir o bom acordo que acreditamos ser certo para o Reino Unido", afirmou perante os deputados.
May e Juncker encontram-se
A primeira-ministra britânica viaja esta quarta-feira para Bruxelas, onde deverá encontrar-se com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. O pré-acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia foi anunciado na semana passada, mas as partes continuam a trabalhar numa declaração sobre a futura relação.
Theresa May enfrenta igualmente uma forte pressão interna, mesmo dentro do Partido Conservador, que se opõem ao acordo e ameaçam chumbar o texto na votação no Parlamento britânico, prevista para após o Conselho Europeu.
O ministro sombra das Finanças teve dificuldade em responder sobre o que vai acontecer se o acordo for chumbado, incluindo a possibilidade de um segundo referendo.
"As pessoas tomaram uma decisão num referendo e precisamos de um governo que respeite essa decisão e a implemente tendo em conta a proteção a longo prazo da nossa economia e de empregos. Mas também temos uma democracia parlamentar e qualquer processo precisa de uma maioria e é muito difícil prever nesta altura qual será o resultado final", admitiu o trabalhista John McDonnell.
A nova ministra do Trabalho e Pensões, que veio substituir Esther McVey, que bateu com a porta na semana passada em desacordo com o documento para a saída, rejeitou o cenário de um `Brexit` sem acordo.
"A minha opinião é que, quando o acordo for apresentado no parlamento, será aprovado, mas também penso, pela minha experiência nas bancadas durante os últimos seis meses a falar com outros deputados, que o parlamento vai impedir a ausência de um acordo", disse Amber Rudd à BBC.
Porém, confrontada precisamente por Esther McVey sobre o risco de o `Brexit` não acontecer, Theresa May contradisse-se a si mesma e afirmou: "Posso dar a garantia de que o Reino Unido vai sair da União Europeia em 29 de março de 2019".
c/ Lusa