A primeira-ministra britânica garantiu que lutará com todas as forças contra a moção de censura interna desencadeada por deputados do seu Partido Conservador. Theresa May sustenta que fazer alterações na liderança dos tories acarreta "riscos" e "incerteza" para o Reino Unido.
"Vou lutar contra essa votação com todas as minhas forças", disse num breve discurso em Downing Street, referindo que estava "firmemente decidida a terminar o trabalho" de aplicação do `Brexit`.
Theresa May considera que mudar a liderança nesta altura iria lançar o país numa incerteza e que um novo chefe de Governo não teria tempo para concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Sem mencionar nomes, a líder do Partido Conservador notou que esta iniciativa apenas serve os propósitos do líder trabalhista, Jeremy Corbyn. "Um novo líder não estará em funções a 21 de janeiro, no final do prazo legal. Como tal, a eleição de um novo líder arrisca-se a entregar as negociações do Brexit a deputados da oposição no parlamento".
A primeira-ministra nota que um "novo líder não teria tempo suficiente para renegociar o acordo de saída, fazendo aprovar a legislação no Parlamento até 29 de março. Então, uma das suias primeiras ações, será adiar ou abdicar do Artigo 50, atrasando ou mesmo travando o Brexit, quando as pessoas querem que o levemos avante".
A primeira-ministra britânica assegura que não se demite e sublinha estar "pronta para cumprir o Brexit que as pessoas aprovaram", uma tarefa à qual se entregou "sem quaisquer reservas" desde que assumiu funções.
"Moção serve os interesses do país"
Graham Brady, o presidente da chamada Comissão 1922, que gere o processo de eleições internas do partido Conservador e representa os deputados que não têm funções governativas, confirmou por comunicado que foi atingido o número de cartas suficiente para que seja pedida a retirada da confiança à líder.
Para uma moção de censura ser ativada, tinha de ser subscrita por 48 dos 315 deputados conservadores, o equivalente a 15 por cento do grupo parlamentar.
Graham Brady disse à BBC Radio que a moção não pode ter apanhado May desprevenida. "Não quero ser arrastado para o comportamento da primeira-ministra, mas penso que é profissional e correto prosseguir o mais rápido possível”. “Acho que a moção serve os interesses do país, tal como do Governo e do Partido Conservador”, garantiu.
A votação está prevista para entre as 18h00 e as 20h00 horas, numa sala da Câmara dos Comuns, sendo os votos contados "imediatamente depois e um anúncio será feito o mais breve possível". O anúncio está marcado para as 21 horas.
O que pode acontecer
Theresa May tem de garantir o apoio de uma maioria simples dos deputados – 158 se todos forem votar -, para continuar em funções. Ao final da manhã, 121 deoutados anunciaram publicamente que vão estar ao lado da primeira-ministra.
Em declarações à Antena 1, Eunice Goes, investigadora de Ciência Política na Universidade de Richmond, considera que os deputados do Partido Conservador estão a fazer "um jogo de alto risco".
Se a primeira-ministra e líder do Partido Conservador vencer o escrutínio, continuará em funções e não poderá ser desafiada nos próximos 12 meses. Se for derrotada, deve pedir a demissão e não poderá apresentar-se às eleições para a liderança que se seguirá. No entanto, poderá ter de liderar uma bancada parlamentar insubmissa.
No caso de derrota de May, quem vencer as eleições internas assumirá as funções de primeiro-ministro em que para tal sejam convocadas eleições gerais.
No cenário de vários candidatos manifestarem interesse em assumir a liderança, a escolha é feita por votação secreta dos deputados conservadores, em sufrágio a realizar às terças, e quintas-feiras.
O candidato com o menor número de votos é removido e os legisladores conservadores votam novamente, até restarem apenas dois candidatos.
Os dois candidatos são depois apresentados a uma base eleitoral mais ampla composta por membros do Partido Conservador filiados há mais de três meses.
Potenciais candidatos
A Agência Reuters elaborou uma lista dos deputados conservadores que poderão ser candidatos a substituir Theresa May:
- o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson,
- o atual ministro Jeremy Hunt, o deputado eurocético Jacob Rees-Mogg,
- o antigo ministro com a pasta do Brexit Dominic Raab,
- o antigo negociador do Brexit David Davies,
- o ex-banqueiro Sajid Javid,
- o ministro do ambiente Michael Gove,
- a ministra para o desenvolvimento internacional Penny Mordaunt,
- a responsável do Governo pelos assuntos parlamentares Andrea Leadsom.
C/agências