May e Macron assinam novo tratado sobre controlo migratório

por Graça Andrade Ramos - RTP
Theresa May (esq) e Emmanuel Macron (drt), pouco antes da 35ª Cimeira entre a Grã-Bretanha e a França, na Academia Militar de Sandhurst Reuters

A primeira ministra britânica, Theresa May, e Emmanuel Macron, que fez a primeira visita oficial ao Reino Unido enquanto Presidente de França, assinaram esta quinta-feira um novo acordo sobre o controlo do movimento migratório para a Grã-Bretanha.

O documento pretende "reforçar a gestão conjunta da nossa fronteira comum", o Canal da Mancha.

Visa ainda "um tratamento melhorado dos menores não acompanhados requerentes de asilo", refere um comunicado emitido após a reunião do Presidente francês e da primeira-ministra britânica, na qual Theresa May garantiu que ambos os líderes se mantêm implicados no acordo de Le Touquet.

Já de manhã, antes desta 35ª Cimeira anglo-francesa, que decorreu na Academia Sandhurst em Berkshire, o Reino Unido havia anunciado uma contribuição complementar na ordem dos 50 milhões de euros (44.5 milhões de libras) para aplicar ao controlo fronteiriço do lado francês, verba incluída no novo acordo assinado à tarde.

"Tal como investimos nas nossas fronteiras no resto do Reino Unido" referiu nessa altura um porta-voz do executivo britânico, "se pudermos, reforçamos os nossos controlos em França e na Bélgica, para garantir que são tão vigiados quanto possível".
Reforço da segurança
Este reforço de financiamento será investido em barreiras, tecnologia CCTV e deteção através de infravermelhos, a estabelecer em Calais e outros pontos fronteiriços. Londres comprometeu-se também a acolher mais migrantes, especialmente crianças não acompanhadas de adultos.A primeira ministra da Grã-Bretanha afirmou que o seu país irá continuar a desempenhar plenamente o seu papel na garantia de segurança na Europa, apesar do Brexit.

Nos últimos anos tem vigorado o acordo de Le Touquet, estabelecido em 2004 entre Paris e Londres para controlo de migrantes que atravessam a França com o intuito de entrar clandestinamente no Reino Unido através do Canal da Mancha, muitas vezes escondendo-se em camiões.

De acordo com esse texto, os migrantes capturados do lado britânico são reenviados para França e colocados em campos de acolhimento. O acordo dá liberdade também aos agentes britânicos de operarem em território francês.

Nos últimos três anos, o Reino Unido investiu neste quadro quase 113 milhões de euros (quase 100 milhões de libras), incluindo no reforço de barreiras ao longo de autoestradas.

A estratégia resultou na criação de um imenso campo de migrantes junto a Calais, o principal ponto de passagem para o Reino Unido, conhecido como A Selva, que chegou a abrigar quase dez mil pessoas antes de ser desmantelada em 2016.
Menores acolhidos
Terça-feira, numa visita a Calais antes da cimeira com May, Emmanuel Macron prometeu aos habitantes que "não deixaria que A Selva se reconstituísse".

No desmantelamento do campo foram acolhidas cerca de duas mil crianças. O Reino Unido, que se comprometeu a acolher todos os menores isolados com família já na Grã-Bretanha e estudar os dossiers dos menores "vulneráveis", acabou por acolher 769 crianças, de acordo com números oficiais do Ministério do Interior britânico.

Já a ONG França Terra de Acolhimento diz que foram aceites 893 menores.
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