Os ataques levados a cabo pelas forças norte-americanas contra posições das milícias xiitas no Iraque e na Síria vieram este fim-de-semana baralhar as contas na região, depois de a chefias israelitas se terem queixado de estarem a lutar sozinhos contra os grupos patrocinados por Teerão. A questão agora colocada pelos aliados dos Estados Unidos tem a ver com a linha vermelha traçada por Washington na região: a existência de vítimas norte-americanas? Ou o apelo do seu aliado mais fiel no Médio Oriente?
O secretário de Estado Mike Pompeo sublinharia numa conferência de imprensa que Washington não iria permitir ao Irão acções que pusessem em risco a vida dos seus cidadãos. Foi nesta lógica que no domingo os Estados Unidos levaram a cabo vários bombardeamentos contra a milícia pró-iraniana, que acreditam ser responsável pelo disparo do rocket que custou a vida ao empreiteiro norte-americano.
Parece estarmos aqui em presença de uma alteração de rota na estratégia dos Estados Unidos para o Médio Oriente depois de a diplomacia norte-americana ter passado meses a tratar problemas pontuais e crises maiores, como a dos seus navios no Golfo Pérsico – que teve réplicas em episódios pontuais em águas europeias com navios iranianos –, com mão de veludo, dando a ideia de lassidão da Administração Trump em relação aos assuntos na região.
Fica a questão se Washington respondeu ao apelo de Kochavi ou se antes tem para si uma política que não admite a ameaça ou perda de vidas norte-americanas e traça aí a sua linha vermelha para a intervenção militar directa na região.
Teerão lança cartada da luta contra o Estado Islâmico
Entretanto, Teerão procura – numa jogada de propaganda – capitalizar a partir do esquema intrincado de alianças tribais e transnacionais que não permitem uma leitura absolutamente clara ou evidente dos conflitos múltiplos opondo forças ditas legítimas contra as bolsas de resistência do Estado Islâmico.
Já esta tarde, em mais um cenário em que a lógica tradicional parece perder-se nas exigências do que são as necessidades imediatas, Moqtada al-Sadr, o líder máximo dos xiitas no Iraque, manifestou abertura para colaborar com grupos xiitas rivais, apoiados pelo Irão, para colocar um fim à presença militar norte-americana no país.
Num primeiro momento disposto a deitar mão dos processos político e jurídico, Moqtada Al-Sadr, líder do Exército do Medhi, milícia criada em 2003 aquando da segunda guerra do Iraque, não descarta outro tipo de acções contra o contingente militar ocidental.