Angela Merkel foi avisada nesta segunda-feira que dispõe de um prazo de duas semanas para resolver a crise migratória do país. A advertência foi feita pelos seus aliados de direita, a União Social Cristã (CSU).
Caso não cumpra com a data estipulada, o ministro do interior alemão, Horst Seehofer, já alertou que está preparado para “impedir imediatamente” a entrada de imigrantes nas fronteiras alemãs. Este espera que a chanceler tome uma atitude por altura do Conselho Europeu, que decorrerá em Bruxelas de 28 a 29 de junho.
Angela Merkel prometeu fazer os possíveis para encontrar acordos bilaterais e europeus sobre o assunto. No entanto, a chanceler rejeitou o ultimato do ministro, assegurando que, caso não seja bem sucedida nos seus esforços, não haverá um encerramento "automático" das fronteiras.
"Não queremos agir unilateralmente, descoordenados e, dessa forma prejudicar terceiros", afirmou a chanceler alemã, que teme que a medida unilateral gere um efeito “dominó” de encerramento de fronteiras no espaço Schengen.
Na noite de hoje, segunda-feira, Angela Merkel irá receber o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, cujo país recentemente fechou os seus portos a navios que resgatam migrantes do Mediterrâneo.
Nesta terça-feira a chanceler alemã também se deverá reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Conflito entre partidos põe em causa eleições regionais
A União Democrática Cristã (CDU), partido de Merkel, e a União Social Cristã (CSU), partido de Seehofer, formam o bloco conservador que compartilha o Governo em Berlim com os sociais-democratas. Depois de uma semana de polémica entre Merkel e o ministro do Interior, não está excluído o risco de implosão desta coligação que, caso aconteça, deita abaixo o atual poder executivo.
Este conflito político está a afectar as eleições regionais alemãs, que irão decorrer a 14 de outubro. Durante décadas a CSU obtinha a maioria absoluta; no entanto, as previsões baixaram agora para 30% dos votos. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) tem ganhado terreno em relação ao partido conservador, atraindo eleitores alemães com o seu discurso anti-imigração.
Na Alemanha, a chegada de mais de um milhão de migrantes requerentes de asilo, em 2015 e 2016, causou um choque político que ainda não se desvaneceu. No entanto, desde 2017 que o número de recém-chegados tem diminuído consideravelmente.