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Ministra-sombra australiana saúda tratado de fronteiras com Timor-Leste

por Lusa

Dili, 06 mar (Lusa) - O tratado de fronteiras marítimas que Timor-Leste e a Austrália assinam hoje põe fim a mais de 40 anos de incerteza sobre um assunto que afetou seriamente a relação bilateral, disse hoje a ministra-sombra dos Negócios Estrangeiros australiana.

"A disputa sobre fronteiras marítimas com Timor-Leste causou tensão na nossa relação bilateral e durou demasiado tempo. Tornou-se claro que o relacionamento beneficiaria significativamente da sua resolução", disse a senadora do Partido Trabalhista, Penny Wong, numa mensagem enviada à Lusa.

Em resposta a várias questões colocadas pela Lusa, Wong saudou o acordo que vai ser hoje assinado por representantes de Timor-Leste e da Austrália numa cerimónia em Nova Iorque, que será testemunhada, entre outros, pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

O tratado vai ser assinado pelo atual ministro Adjunto do primeiro-ministro timorense para a Delimitação de Fronteiras, Agio Pereira, e pela ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop, e, além de António Guterres, vai ser testemunhado pelo presidente da Comissão de Conciliação, Peter Taksøe-Jensen, que mediou as negociações entre os dois países.

Wong saúda tanto o tratado como o acordo sobre o desenvolvimento futuro dos campos de Greater Sunrise, mostrando-se convicta de que, depois do tratado sobre fronteiras, haverá acordo sobre o modelo de desenvolvimento do importante recurso no Mar de Timor.

"Agora que o acordo foi alcançado, e há certeza sobre os limites marítimos, esperamos que o campo Sunrise Gas possa ser desenvolvido em benefício do povo timorense", frisou Wong.

A senadora australiana recordou que o acordo deu razão à postura anunciada há dois anos pela sua antecessora como ministra-sombra dos Negócios Estrangeiros do Partido Trabalhista Australiano, Tanya Plibersek, que disse que se o partido chegasse ao Governo se comprometia a negociar com Timor-Leste as fronteiras marítimas entre os dois países.

"Além de ser uma questão moral, contribuiria com toda a certeza para restaurar o relacionamento bilateral para uma proximidade que deveria existir", afirmou na altura Plibersek.

O facto de os dois países terem agora chegado a acordo, disse Wong na resposta às questões da Lusa, mostra que os Trabalhistas tinham razão em apoiar as negociações com Timor-Leste, quer sob mediação, quer bilateralmente.

"Por isso estamos satisfeitos que este acordo tenha sido alcançado. Os Trabalhistas estão empenhados no multilateralismo e num sistema internacional de regras. Acreditamos que todas as nações beneficiam de obedecer às normas internacionais", afirmou.

"Se queremos insistir que outras nações respeitem as regras, também temos que as respeitar", afirmou.

O tratado, cujos contornos exatos ainda não são conhecidos, coloca a linha de fronteira na posição defendida por Timor-Leste, ou seja, equidistante dos dois países, como Díli sempre reivindicou.

Uma linha que a administração colonial portuguesa, os ocupantes indonésios e os dirigentes timorenses desde sempre defenderam que deveria ser colocada onde agora vai ficar e que formaliza a posse de recursos que, até aqui, Timor-Leste teve que dividir com Camberra.

A assinatura do tratado tem sido hoje assinalada em vários pontos de Timor-Leste.

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