Ministro chileno renunciou após polémica sobre museu que lembra vítimas da ditadura

por Lusa
Ivan Alvarado - Reuters

O presidente chileno Sebastian Pinera aceitou na segunda-feira a renúncia do ministro da Cultura, o escritor Mauricio Rojas, autor de comentários controversos sobre o Museu da Memória e Direitos Humanos, dedicado às vítimas de ditadura.

O escritor Mauricio Rojas tinha sido nomeado há quatro dias, na sequência de uma reforma ministerial, cinco meses depois da tomada de posse de Sebastian Pinera.

Após a sua nomeação, a imprensa chilena publicou uma frase de Mauricio Rojas há três anos no seu livro "Dialógo de Conversos": o museu é "uma montagem cujo objetivo, alcançado com sucesso, é chocar o visitante, deixá-lo atordoado e impedi-lo de raciocinar", escreveu Rojas sobre a instituição que homenageia as 3.200 vítimas, mortas ou desaparecidas durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Palavras fortemente criticadas por personalidades do mundo da cultura, que imediatamente pediram sua renúncia por "relativizar" as violações dos direitos humanos cometidas pelos militares.

"Como presidente do Chile, e pensando apenas no interesse de nosso país (...), resolvi aceitar a renúncia do ministro Mauricio Rojas", anunciou Pinera, segunda-feira.

O arqueólogo Consuelo Valdés foi nomeado Ministro da Cultura.

No entanto, no seu discurso, o Presidente disse que não compartilha "a vontade de certos setores do país que querem impor uma verdade absoluta, que não demonstram tolerância ou que não respeitam a liberdade de expressão".

"Nunca subestimei ou justifiquei as violações inaceitáveis, sistemáticas e sérias dos direitos humanos que ocorreram no Chile", defendeu entretanto Mauricio Rojas na rede social Twitter.

Em 2016, o ex-ministro descreveu este mesmo memorial como um "museu da esquerda, que conta uma versão falsa da história do Chile", durante uma entrevista ao `site` de notícias CNNCHile.

O Museu da Memória foi inaugurado em 2010 pela ex-presidente socialista Michelle Bachelet no final de seu primeiro mandato.

O museu foi assumido como um dos projetos emblemáticos da primeira mulher que governou o Chile duas vezes e que foi detida e torturada durante a ditadura.

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