Moçambique. Número de mortos aumenta para 446

por RTP
Siphiwe Sibeko - Reuters

O novo balanço das autoridades moçambicanas aponta para um aumento do número de vítimas mortais, na sequência da passagem do ciclone Idai. A estrada de acesso à cidade da Beira foi reaberta, o que permite agilizar a ajuda.

O número de mortos tem vindo a aumentar à medida que o nível das águas baixa e é possível chegar a mais locais. No sábado, as autoridades registavam a morte de 417 pessoas.

O novo balanço aponta agora para a morte de, pelo menos, 446 pessoas. O ministro do Ambiente, responsável pelas operações no terreno, revelou ainda que há 531 mil pessoas afetadas pela catástrofe.

Nos centros de acolhimento estão agora 109.733 pessoas. Entre elas, estão 6563 pessoas vulneráveis, como idosos ou mulheres grávidas, que estão a receber apoio específico.

O ministro alertou ainda para os problemas que se adivinham. "É importante termos consciência de que vamos ter cólera, malária, já temos filária, e vai haver diarreias. O trabalho está a ser feito para mitigar" os surtos, destacou hoje em conferência de imprensa no centro de operações de socorro instalado no aeroporto da Beira.

As águas estagnadas que inundam toda a região deverá potenciar a propagação de doenças numa altura em que escasseia a água potável e há 109.000 pessoas deslocadas e albergadas em condições sanitárias deficientes nos centros de acolhimento temporários.

"A prioridade nas próximas semanas é evitar a eclosão de doenças", referiu Celso Correia.

A estratágia inclui a instalação de centros de tratamento - habitualmente instalados em zonas de surto para conter e tratar doentes - e distribuição de equipas médicas por todo o território afetado.

"Ontem já conseguimos distribuir médicos e unidades para fazer vigilância" em vários locais, beneficiando da melhoria das condições meteorológicas e da descida das águas.
Reaberta estrada para a cidade da Beira
A estrada de acesso à cidade da Beira foi reaberta no sábado ao final do dia, após uma semana de isolamento provocado pelo ciclone Idai, anunciou hoje o ministro.

"A grande vitória de ontem foi colocar a EN6 [Estrada Nacional número seis] a funcionar", referiu hoje em conferência de imprensa no centro de operações de socorro instalado no aeroporto da Beira.

A estrada tinha sido cortada no sábado, dia 16, quando as cheias provocaram correntes que arrastaram pontes, terrenos que sustentam a via e asfalto em diferentes troços - além de viaturas com várias pessoas, algumas das quais entre as vítimas mortais provocadas pelo ciclone.

A Estrada Nacional 6 é a espinha dorsal da região centro de Moçambique: atravessa as província de Sofala e Manica, ligando a Beira ao Zimbábue.

É uma via que foi renovada no últimos anos e muito movimentada por veículos pesados, dado que o porto da Beira serve os países do interior da África Austral.

A reabertura conseguida uma semana depois da destruição provocada pelas cheias foi alcançada com a criação de caminhos alternativos em terra batida e outros materiais que permitem contornar os obstáculos criados pelo ciclone. A EN6 "permite uma assistência maior ao território", realçou.

Permite mudar a estratégia da assistência, uma vez que o transporte por terra tem maior capacidade que a assistência prestada por via aérea, até agora.

Por outro lado, a ligação "já permitiu uma redução de preços na cidade da Beira", como seja, relativamente ao pão e outros produtos, acrescentou.

Há também áreas da cidade que já têm energia, que deverá gradualmente ser restabelecida, e a banca também já está a retomar o funcionamento normal.

As organizações humanitárias esperam conseguir fazer chegar mais facilmente a ajuda a quem precisa. Há vários camiões carregados com produtos de primeira necessidade a caminho da cidade da Beira. O transporte tem sido feito por via aérea, mas com menos carregamentos.

De Portugal, parte este domingo mais ajuda. Uma segunda equipa da AMI parte para Moçambique, ao final da tarde, para se juntar aos elementos que já estão a trabalhar no terreno.

As Nações Unidas alertam que no cenário de catástrofe aumenta o risco de epidemias. Por isso, a ONU elevou o nível de emergência nos países afetados pelo Ciclone Idai.
Portugueses repatriados
Seis portugueses vão ser repatriados a partir da cidade da Beira, por problemas de saúde. O Governo português disponibilizou um avião para transportar os portugueses que queiram regressar e também para outras pessoas que queiram deixar a Beira. São seis portugueses e um guineense, que também tem nacionalidade portuguesa, a embarcar no avião.

pub