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Morreu a célebre primatóloga e ativista Jane Goodall
A cientista e ativista global Jane Goodall, que transformou o seu amor pela infância pelos primatas numa busca ao longo da vida pela proteção do ambiente, morreu na quarta-feira aos 91 anos, anunciou o instituto que fundou.
Goodall morreu de causas naturais, informou o Instituto Jane Goodall numa publicação nas redes sociais. "As descobertas de Goodall como etóloga revolucionaram a ciência, e ela foi uma defensora incansável da proteção e restauração do nosso mundo natural”, acrescentou o instituto.
A cientista destacou-se no trabalho de compreensão dos chimpanzés, bem como no ativismo para a proteção dos habitats. Foi pioneira na sua área logo a partir da década de 1960 e abriu caminho ao trabalho na mesma área por parte de outras mulheres, incluindo Dian Fossey.
Foi protagonista de vários filmes, séries de televisão e artigos, em concreto da National Geographic, com o intuito de levar ao grande público as peculiaridades da vida selvagem ao grande público.
Jane Goodall destacou-se ao identificar as diferentes personalidades, emoções e relações entre os chimpanzés.
“Descobrimos que, afinal, não existe uma linha divisória nítida entre os humanos e o resto do reino animal”, afirmou numa palestra em 2002.
Para além do trabalho como primatologista, focou-se também na defesa do clima e exortou o resto do mundo a tomar medidas urgentes contra as alterações climáticas.
Jane Goodall nasceu em Londres em 1934 e cresceu em Bournemouth. A paixão pelos animais selvagens já vinha da infância, mas Goodall ainda trabalhou como secretária e produtora de cinema antes de se dedicar à ciência.
Em 1957, visitou pela primeira vez o Quénia, viagem que a colocou no caminho do trabalho futuro com os primatas após o encontro com o famoso antropólogo e paleontólogo Dr. Louis Leakey e a sua mulher, a arqueóloga Mary Leakey.
Prosseguiu o trabalho na Tanzânia, no Parque Nacional de Gombe Stream, onde contactou de perto com os chimpanzés e identificou comportamentos e até a capacidade destes animais em fabricar ferramentas de caça de térmitas. Mais tarde, terminou o Doutoramento na Universidade de Cambridge.
Em 1977, fundou o Instituto Jane Goodall, uma organização sem fins lucrativos destinada a apoiar a investigação em Gombe, bem como os esforços de conservação e desenvolvimento em todo o continente africano.
Ao longo dos anos, o seu trabalho expandiu-se pelo mundo e passou também a enfatizar a proteção dos habitats através de inciativas de educação ambiental.