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Morreu o escritor e jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein, aos 63 anos

por Lusa

O escritor e jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein morreu hoje, aos 63 anos, em São Paulo, após uma luta de nove meses contra um cancro no pâncreas, confirmou o `site` informativo Catraca Live, do qual era fundador.

"É com profunda tristeza que a Catraca Livre anuncia o falecimento do seu fundador, Gilberto Dimenstein, aos 63 anos de idade. Dimenstein morreu nesta sexta-feira, 09:00 [hora local, 13:00 em Lisboa], enquanto dormia. O escritor, educador e jornalista deixa dois filhos, Marcos Dimenstein e Gabriel Dimenstein, a esposa, Anna Penido, e um neto", indicou a plataforma informativa.

Gilberto Dimenstein nasceu em 28 de agosto de 1956, em São Paulo, e formou-se em jornalismo, tendo a sua carreira passado, em grande parte, pelo jornal Folha de S. Paulo, onde trabalhou durante 28 anos, e onde foi diretor da sucursal em Brasília e correspondente em Nova Iorque.

Mais tarde, em julho de 2009, criou a Catraca Livre, quando sentiu a necessidade de agrupar, numa única plataforma, os acontecimentos culturais gratuitos da cidade de São Paulo.

O `site` foi eleito o melhor `blog` de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle, em 2012, e apontado pela Universidade de Oxford, BBC e Financial Times como uma das mais importantes inovações digitais de impacto social no mundo, em 2013, recorda a imprensa brasileira.

Como escritor, Dimenstein venceu, em 1993, o Prémio Jabuti de melhor livro de não-ficção com "O Cidadão de Papel".

A obra aborda os direitos das crianças e dos adolescentes, o seu papel na sociedade brasileira, e relaciona a morte infantil, a violência, a fome e a falta de acesso ao ensino com níveis de não desenvolvimento económico, com crises políticas e financeiras, com desemprego e as violações dos direitos humanos, na sociedade brasileira.

Dimenstein também escreveu livros como "As Armadilhas do Poder - Bastidores da Imprensa" (1990), Meninas da Noite" (1992), "Democracia em Pedaços" (1996), "Quebra-Cabeça Brasil - Temas de Cidadania na História do Brasil" (2003) e "Aprendiz do Futuro - Cidadania Hoje e Amanhã" (2005).

Como jornalista, Dimenstein ganhou dois Prémios Esso de Jornalismo -- em 1988, na categoria Principal, com a reportagem "A Lista da Fisiologia", e, no ano seguinte, na categoria Informação Política, com "O Grande Golpe", ambas publicadas pela Folha de S.Paulo.

Recebeu ainda dois Prémios Líbero Badaró de Imprensa.

Em 1997, impulsionou a organização não governamental Cidade Escola Aprendiz, a partir de um projeto experimental de comunicação e educação com alunos do ensino médio, o "Bairro-escola", que foi reconhecido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), como modelo exemplar de educação a ser replicado a nível mundial.

Este projeto deu a Dimenstein o Prémio Criança e Paz, das Nações Unidas.

A morte do escritor e jornalista foi lamentada por muitas figuras brasileiras, como o presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Rodrigo Maia, e o ex-candidato à Presidência do país Fernando Haddad.

"Com grande pesar recebi a notícia da morte do Gilberto Dimenstein. Ele trouxe um olhar inovador à imprensa brasileira, que trata a inclusão social como um valor democrático. Seus textos ponderados e bem escritos eram um exemplo de bom jornalismo. Meus sentimentos à família", escreveu Maia, no Twitter.

Já Haddad frisou que perdeu "um grande amigo", que definiu como uma "pessoa criativa e espirituosa".

"Lamento profundamente a morte de Gilberto Dimenstein, um dos principais expoentes do jornalismo brasileiro. Inquieto e dinâmico, deu voz a atores antes excluídos do debate nacional. O jornalismo e a sociedade perdem um olhar humanista e solidário. Meus sentimentos aos familiares", escreveu por sua vez o governador do estado de São Paulo, João Doria.

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