Morsi. Egipto qualifica de "irresponsáveis" acusações de Erdogan

por Lusa
Reuters

Cairo, 20 jun 2019 (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Choukri, qualificou hoje de "irresponsáveis" as acusações do Presidente turco, Recep Erdogan, segundo o qual o ex-chefe de Estado egípcio Mohamed Morsi "terá sido morto".

Em comunicado, Sameh Choukri "denunciou veementemente as repetidas e irresponsáveis declarações do Presidente turco em relação ao Egipto", após a morte repentina de Mohamed Morsi, na segunda-feira, no Cairo.

Erdogan acusou na quarta-feira as autoridades egípcias pela morte do ex-Presidente egípcio Mohamed Morsi, que ocorreu segunda-feira, durante uma sessão no tribunal, após seis anos de detenção.

"No tribunal, ele torceu-se no chão durante 20 minutos. As autoridades não fizeram nada para o ajudar. Ele foi morto. Não morreu de causas naturais", acusou Erdogan, durante um comício eleitoral em Istambul.

O Presidente turco disse que tudo fará para levar as autoridades egípcias aos "tribunais internacionais".

O antigo Presidente egípcio morreu na segunda-feira em tribunal e foi enterrado no Cairo, na terça-feira, numa cerimónia discreta, depois de ter passado seis anos na prisão.

Mohamed Morsi, de 67 anos, estava preso desde a sua destituição, em julho de 2013, e estava a ser julgado, entre outras acusações, por espionagem.

Durante uma sessão em tribunal, quando estava a falar há 20 minutos de forma enérgica, Morsi desmaiou e foi transportado para o hospital, onde acabou por morrer, segundo a televisão estatal.

A ONU já tinha pedido uma "investigação completa e independente" sobre a morte do ex-Presidente egípcio, juntando a sua voz a várias organizações, como a Humans Right Watch, que consideram a morte de Morsi "completamente previsível" face à "falta de autorização do Governo para lhe ser dada a atenção médica adequada e para ter visitas de familiares".

Na quarta-feira, o Governo egípcio reagiu a estas suspeições, acusando a ONU de querer politizar a morte de Mohamed Morsi.

Num comunicado, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ahmed Hafez, denunciou "nos mais fortes termos" a atitude das Nações Unidas, considerando que a organização está a "politizar um caso de morte natural".

Morsi tornou-se o primeiro Presidente democraticamente eleito do Egito em 2012, após a rebelião da Primavera Árabe em 2011 que terminou com o regime autocrático do Presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.

Em julho de 2013 foi deposto, na sequência de protestos em massa e um golpe de Estado militar.
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