Morte de jovem atingido pela polícia incendeia Nantes

por RTP
A polícia francesa é acusada de usar força excessiva em bairros mais pobres Gonzalo Fuentes - Reuters (arquivo)

Um jovem de 22 anos foi abatido na terça-feira, em Nantes, no oeste de França, por um agente da polícia, depois de ter recusado obedecer a ordens para sair do carro. As autoridades identificaram o condutor como suspeito de tráfico de drogas. O desfecho da operação desencadeou uma vaga de violência.

A atuação da polícia acabou por inflamar três bairros da cidade francesa de Nantes. Foram incendiados carros, um centro comercial e uma biblioteca. Às forças de segurança foram arremessados “cocktails molotov”.

O jovem foi atingido no pescoço e morreu ao chegar ao hospital.
As autoridades receberam ordens para levar o jovem até à esquadra, mas o suspeito recusou-se, acabando por bater com o carro e ferir um polícia.

“O condutor, fingindo que ia sair do veículo, agrediu um agente”, alegou Jean Christophe Bertrand, diretor do departamento da polícia local. “Um dos agentes disparou e atingiu o jovem que, infelizmente morreu”, acrescentou o responsável.

Johanna Rolland, governadora de Nantes, pediu a abertura de uma investigação para determinar em que circunstâncias o polícia usou a arma.

Rosário Salgueiro, correspondente da RTP em França

Em 2005, também em Nantes, dois menores morreram eletrocutados por se esconderem numa central elétrica enquanto eram perseguidos pela polícia. Os dois agentes envolvidos neste caso foram julgados por não darem assistência a uma pessoa em perigo, mas acabaram por ser absolvidos. O inquérito concluiu que as crianças não tinham cometido qualquer crime e que fugiram porque viram as autoridades.

Em 2016, Adama Traoré estava com o irmão, Bagui, quando foi abordado pela polícia. Bagui foi levado pela polícia por suspeita de ligação a um caso. Traoré fugiu por não ter identificação e, horas mais tarde, estava morto. A família foi informada de que Adama Traoré, de 24 anos, sofria de uma infeção sanguínea e morreu de ataque cardíaco. Sob custódia policial, o corpo foi sujeito a duas autópsias que revelaram que morreu asfixiado. Um bombeiro disse à polícia que Traoré não estava a conseguir respirar, mas as forças de segurança disseram que estava a fingir.

A polícia francesa é acusada de usar força excessiva em bairros mais pobres. Entre 2016 e 2017, o uso das armas de fogo aumentou para 54 por cento. No ano passado foram disparados 394 tiros - 14 resultaram em mortes e 100 em feridos.
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